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“Engenharias” partidárias

Se dúvidas havia sobre se os supostos aliados do Governo do Partido Socialista (PS) estariam interessados na participação de Portugal na Comunidade Europeia (CE), elas dissiparam-se durante a discussão e votação do Orçamento de Estado (OE) para 2022. É que só um Primeiro-ministro teimoso, como o dr. António Costa, faz por ignorar que tais forças políticas, como o Partido Comunista Português (PCP), a sua sucursal ‘PEV’ e o Bloco de Esquerda (BE) o que sempre têm pretendido é sobrepor as suas propostas às regras e tratados assinados e aceites por nós com a Europa dos 27.

É por demais sabido que o PCP/PEV E BE, outrora vitais à formação da maioria de esquerda parlamentar, dada a ideologia que preconizam, não só não se reveem na economia de mercado, como na livre iniciativa privada preconizadas pela CE – como modelo económico –, amarrados que estão às nacionalizações de tudo aquilo que mexe. E, também, deu para perceber a forma como evoluem dentro da democracia: sempre com pezinhos de lã a tratarem da sua nefasta agenda.

A tal propósito ouvi, há dias, o jornalista e historiador, José Milhazes, que já viveu em Moscovo, no programa “Invasões Bárbaras” da SIC, dizer: - “eu já lhes conheço o estilo. Ou seja, o de conseguirem, de cedência em cedência, obterem tudo quanto mais possam em termos de conquistas orçamentais e parlamentares. Depois, é o que se sabe: não há democracia para ninguém”.

Basta vermos o ódio com que essas esquerdas se referem às direitas portuguesas, desconsiderando-as. Ao ponto de o PM, Costa, dizer que quando dependesse do maior partido da oposição, terminaria o seu Governo. E quem sabe, se a situação atual não lhe veio mesmo a calhar para se desvencilhar das embrulhadas provocadas pelos seus ministros que andam a 200 à hora. Inclusive, a de ignorar que as forças políticas de direita e do centro têm tanto direito de existir na democracia como as de esquerda, todas elas – legitimamente – representantes de várias camadas da população portuguesa. Não só por terem sido eleitas pelo povo, como por serem capazes de ter uma outra visão para o país.

O que é lamentável, é que essa alternativa democrática se não tenha preparado, durante os seis anos de governação socialista, para em eleições legislativas apresentarem ao país propostas válidas, sérias e que fizessem, agora, desvirtuar a hipotética maioria absoluta que Costa e o PS irão pedir para as eleições que aí veem; se encontrassem não só motivadas e capacitadas para convencerem os eleitores de que estão em condições para serem o próximo Governo, como se mostrassem confiantes nos seus líderes. Então, o que se está a passar com o CDS/PP roça os arrais do ridículo, em que parte do seu baluarte humano deserta desse histórico partido. Nada lhe ficando a dever o PSD que em vez de discutir o país, anda em disputa interna para ver quem irá ser o seu próximo ‘manda-chuva’.

Ademais, temos um Portugal cada vez mais pobre numa democracia orientada por gente da política que em termos de ideias e políticas que visem a saúde, justiça, habitação, educação, emprego, a melhoria da vida das pessoas, etc. nos desilude seriamente. Mormente, no que a reformas – imprescindíveis ao desenvolvimento do país – concerne. E porquê? Porque as “engenharias” políticas, engendradas, vão sobrepondo os seus interesses, pessoais e partidários, aos do país.

Este tombo do OE, corroborado pelos ex-aliados do Governo, veio mostrar a ‘caldeirada’ em que o PS – que quer vir a ser o ‘BE 2.0’ – andou a mergulhar o país: ultrapassado por alguns daqueles que, em termos de crescimento económico, já estiveram atrás do nosso. Isto, enquanto a direita, temerosa e incapaz de formar uma maioria, se mostra sem projetos que guindem Portugal para próximo dos das economias europeias mais desenvolvidas. Daí, temer que nesta altura em que se exigiria uma aplicação dos fundos da “bazuca” europeia com conta, peso e medida, os mesmos se esfumem nas ‘bagatelas’ do costume.


Autor: Narciso Mendes
DM

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8 novembro 2021