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Em prol da Justiça – Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és

Embora o nosso conhecimento nunca seja pleno e, como tal, é um dado em nós muita das vezes parcial e inacabado, a essência ou o fundamento do nosso ser está mais próximo do outro Homem do que aquilo que julgamos ou do que muitas vezes parece. Não conhecendo, pessoalmente, o Papa Francisco na verdade não posso afirmar que desconheço o Papa Francisco, que desconheço os seus escritos e, principalmente, parte da sua doutrina. Apesar de nunca ter estado próximo de Francisco já apertei a mão e recebi graças de quem lhe apertou a mão e dele também recebeu graças. Comungo, assim, de parte da sua essência e julgo estar, modestamente, próximo de Francisco.

No âmbito da Justiça estão a desenvolver-se investigações que tem como figura principal um ex-primeiro ministro de Portugal. Estas investigações deram origem a um processo judicial denominado por “Operação Marquês” que corre sobre a superintendência do Ministério Público. Segundo a comunicação social, deste processo ressalta uma evidência clara – face a eventuais crimes graves, de natureza complexa, um homem só nada ou pouco podia fazer! O ex-primeiro ministro teve vários colaboradores, uns pela ação e outros pela omissão política.

Um dos principais investigadores da “Operação Marquês”, denominado por “Inspetor Tributário de Braga”, é um homem competente, honesto e de um esmerado profissionalismo. Para além da sua formação em contabilidade geral e financeira, contabilidade analítica ou de custos e em todo o direito fiscal português, o Inspetor Dr. Paulo Silva conhece e domina boa parte das mais importantes leis civis, comerciais e económicas. Entre outros, domina os artigos 6.º e 14.º do Código do IVA, a Diretiva Comunitária 2006/112/CE, o RITI e, entre muitas leis, os RERTs (regime excecional de regularização tributária de capitais colocados no exterior do país).

Ao Dr. Paulo Silva e ao Corpo Inspetivo, da Autoridade Tributária, a que pertence não são estranhas, no âmbito de transações internas, intra e extracomunitárias, operações normais, triangulares, quadrangulares e outras de bens, serviços e meios financeiros.

Apesar de não nos contactarmos há já alguns anos, a verdade é que, na Direção de Finanças de Braga, a primeira saída do Dr. Paulo Silva, para uma ação inspetiva a uma empresa, foi em companhia e colaboração com o autor do presente artigo ou texto. Não duvidando, minimamente que seja, dos sérios indícios criminais atribuídos ao ex-primeiro ministro e aos outros arguidos, por tudo quanto é já do conhecimento público e por tudo o que conheço, partilhando apenas em sentimento do complexo trabalho, estou próximo do Inspetor Dr. Paulo Silva.

No início do corrente ano, em debate quinzenal na Assembleia da República, o atual primeiro-ministro, respondendo a uma interpelação da líder do CDS, afirmou: “livre-se o mais rápido possível do PSD e do seu líder. Lave daí as mãos enquanto pode”. Ora, contra o designado líder da oposição, também ex-primeiro ministro, não consta que corra qualquer investigação criminal ou outra decorrente da sua ação governativa. Não deixando condicionar a nossa inteligência pelo colaboracionismo acéfalo de grande parte dos média, pergunta-se qual a razão por que o atual primeiro-ministro e parte dos seus ministros não querem lavar as mãos e não se demarcam clara e explicitamente do principal arguido da “Operação Marquês”? É verdade que a todos assiste o direito de estarem próximos dos seus.  

Comparativamente com outras democracias, pobres de nós portugueses que permitimos, mesmo invocando afetos, ocos do bem comum social com substância e efémeros, que nos iludam, que tentem justificar-se como sábios do poder através de símbolos partidários que se seguidos só fomentam a miséria no mundo. Medite-se: revolução com os computadores Magalhães; socialismo; Venezuela; caos. Persistindo em não meditar, então continuem, voluntária e involuntariamente, a andar na companhia e estar próximos da essência do socratismo costista…            


Autor: Abel de Freitas Amorim
DM

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17 junho 2017