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Em louvor dos jornalistas

1. No rescaldo da festa do Padroeiro dos Jornalistas, S. Francisco de Sales, que ocorreu segunda-feira, quero hoje tecer um hino de louvor e de gratidão aos jornalistas que o são de verdade.

Louvo os jornalistas que:

entre serem a voz do dono e a voz da própria consciência bem formada, preferem ser a voz da própria consciência;

colocam o serviço ao bem comum acima da defesa de interesses particulares ou partidários;

se não limitam a denunciar o mal mas dão a conhecer o muito de bom que se faz, sejam quem forem os seus protagonistas;

se informam com cuidado, preferindo ser os segundos a dizer a verdade a ser os primeiros a mentir;

ouvem os diversos intervenientes em factos que narram, não transmitindo apenas a versão de uma das partes;

não hesitam em corrigir qualquer informação menos verdadeira ou menos exata que hajam transmitido;

se não limitam a divulgar comunicados, recusam ser moços de recados de assessores de imprensa ou coisa parecida, ou simples canais por onde passa o que homens de quaisquer poderes querem que passe, quando e como.

2. Louvo os jornalistas que:

distinguem a informação da opinião, procurando esclarecer e não confundir nem enganar;

não receiam dizer verdades incómodas sempre que o bem comum o exija;

respeitam o legítimo direito à privacidade das pessoas e à presunção de inocência;

sabem distinguir entre o erro e a pessoa que erra, denunciando aquele e respeitando esta;

conscientes de que a importância de uma notícia está na notícia em si e não no espaço que vai ocupar, evitam dizer em duzentas palavras o que pode ser dito em meia dúzia;

tanto quanto é humanamente possível, procuram ser verdadeiramente livres e independentes, não obstante o preço que isso muitas vezes acarreta;

não identificam o progresso com o simples crescimento económico, às vezes a qualquer preço, mas alertam para o dever do serviço a todo o homem e ao homem todo;

sabem ser a voz dos sem-voz, denunciando situações de injustiça, de exploração e de marginalidade de que são vítimas muitas vezes pessoas humildes e indefesas;

sabem denunciar comportamentos lesivos do respeito devido à dignidade da pessoa humana;

mostram como atos legalmente permitidos são eticamente reprováveis.

3. Louvando os jornalistas que o são de verdade, agradeço:

o esforço que fazem para, com a objetividade e isenção possíveis, me manterem informado;

tudo o que fazem em benefício de uma sociedade cada vez mais humana, mais justa, mais fraterna, mais solidária;

o seu trabalho em favor da existência de cidadãos cada vez mais conscientes, mais livres e mais responsáveis, porque cada vez melhor informados.

4. É nobre a missão dos bons jornalistas.

Jornalistas que se preocupam mais em construir pontes do que em levantar muros.

Que sabem estar acima da intriga, da lisonja, do disse-que-disse, e contribuem para uma sociedade cada vez mais transparente.

Que se não deixam cegar pelo fanatismo nem se escravizam a uma ideologia, colocando acima de tudo o bem da pessoa.

Que se não intimidam com ameaças e represálias.

Que lhes não faltem os meios necessários para poderem, cada vez melhor, servir a comunidade. São muito importantes.


Autor: Silva Araújo
DM

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27 janeiro 2022