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Eles ultrajam o país

Finalmente, nesta III República, vai-se fazendo esforços para se ver a democracia, mas democracia responsável, a que interpreta a vontade e os anseios do povo e lhes dá solução, não existe. O que nesta república existe é rapinaria, uma hábil/falsa filantropia que, não passa mesmo de uma programada hipocrisia, onde tantos “ias” ultrajam o país.

Nos tempos do Estado Novo, os políticos ganhavam muito pouco. Eram escolhidos, nomeados para os cargos que aceitassem cumprir e, ficavam-se pelo prestígio da escolha e muito pouco mais. Uma situação que o Estado Novo exigia era que o nomeado fosse rico, para não roubar as Empresas, a Banca ou os cofres do Estado. Dificilmente estes políticos por nomeação e escolha ultrajavam o povo, o país.

Portugal tinha praticamente os mesmos milhões de portugueses que tem actualmente. E existiam sem sombra de engano, apenas um terço dos políticos que existem hoje nos lugares políticos: que ganham bem, muito bem e muito mais do que o que merecem, segundo e pelo que dão ou fazem pela nação, pelo povo. Recordemos que os políticos de Portugal, além do que auferem como vencimento, têm as chorudas ajudas de custo, subsídios vários, etc. que nada têm que ver com os ordenados médios que se pagam a quem trabalha, para já não escrever sobre essa vil reforma da política que obtêm, que é no mínimo repugnante! 

Recordemos que, talvez mais de setenta por cento destes senhores, têm-se tornado profissionais da política, nunca tiveram uma profissão e praticamente todos tiveram cunhas para entrarem nas listas para a Assembleia da República, câmaras municipais e outros lugares públicos. Logo nada sabem fazer, não querem fazer e habituaram-se a viver à custa do sangue e do suor de quem trabalha, de quem é competente, de quem se sacrifica e de quem, já na reforma, é sacado na pensão e nos subsídios que ao fim de quarenta anos ou mais de trabalho e de descontos, teve direito.

Enquanto isto, temos ainda altos dirigentes, empresários e banqueiros, que, já bem conhecidos, aviltam, desonram, vituperam e tornam ignominioso o país, pois em qualquer canto e em qualquer semana, surge um novo Ricardo Salgado ou um José Sócrates que incomodam, que revoltam, que levam o povo ao desespero e às violências familiares e sociais que, têm com certeza origem nestes ambientes em que todo o mal que acontece já é normal e a poucos se pede justificação ou se julga com rapidez e verdade.

Atente-se nesses ambientes da intriga, da falta de respeito, da grosseria verbal entre certos políticos, devidos a certas políticas seguidas e concretizadas, onde uns foram incompetentes, inocentes, inexperientes, infantilóides, subservientes, que não admitem que lhes apontem os dedos e que antes se fartaram de os apontar e de recorrerem à mais vil das vis demagogias. Por outro lado, temos outros, que se julgando senhores da verdade e da competência, do grande trabalho e do zelo apresentado por uma publicidade com fétidos aromas…, exalam fumos de futura desgraça nacional, que só o povo, sempre o povo, pagará.

Então é vê-los na Assembleia da República ou ouvi-los através das televisões – não a discutirem os vários caminhos possíveis para a resolução dos problemas nacionais, ou a fazerem-se entender das diferenças que os separa ou dos pontos que os une – a digladiarem-se, com gestos ameaçadores, com olhos autenticamente desorbitados, com as veias do pescoço dilatadas, corpos inclinados na posição de ataque, tudo acompanhado de termos e de gestos que só nas arruaceiradas se vê e ouve.

Ora estas atitudes, tais discussões políticas entre deputados eleitos e representantes do povo – que bem recebem e, que não é por acaso que ninguém ou praticamente ninguém, sabe as concretas remunerações que auferem – não dão testemunhos normais entre pessoas normais e eleitas, a trabalharem pelo bem da causa pública: usam (todos) erradamente na Assembleia da República, o chamado populismo, quando este é adverso a uma sã democracia e, desta forma, ultrajam o país.

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico)


Autor: Artur Soares
DM

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7 abril 2017