As eleições para o Parlamento Europeu registaram a taxa de abstenção mais elevada de sempre no nosso País. As próximas eleições, as legislativas, terão certamente uma votação maior, acontece por tradição e porque os assuntos a tratar são sentidos de forma “mais próxima”. Esperamos que a discussão se centre nos principais problemas que afetam Portugal e os portugueses, e que, dentro da dimensão e preocupação que representa o Desporto, possa também ser alvo de reflexão e discussão entre e dentro dos partidos políticos.
A Política, muitas vezes vista e sentida como uma arte e ciência da organização ao serviço dos países, das comunidades e dos cidadãos, aparece-nos muitas vezes na forma de propostas escritas, nomeadamente através dos programas eleitorais por parte dos diferentes Partidos Políticos concorrentes a eleições. Da leitura e avaliação dos programas eleitorais dos principais Partidos nas últimas eleições legislativas, constatou-se que não se registou nenhuma abordagem inovadora, e cujos resultados para o setor, poucas mudanças trouxeram. Pese embora, e será justo reconhecer, que este Governo, ainda em funções, acabou por colocar no terreno alguma legislação e programas já há muito esperados.
Pessoalmente, já pouco importa que se diga que se vai apostar no Desporto Escolar, no Movimento Associativo, ou no Desporto para a Família, se não se diz como, com que organização, e com que resultados esperados. Pouco importa que se diga que se vai apostar no “desporto para todos”, no “desporto de massas”, ou no “desporto de elite” se não se disser quantos praticantes desportivos se quer no final do ciclo político. Pouco importa que se diga que se querem resultados no plano internacional se não escrever entre que lugares Portugal deverá estar no quadro de medalhas dos próximos Jogos Olímpicos.
Numa análise pessoal e independente do que se tem registado em campanhas eleitorais, no passado mais recente e sobre o posicionamento dos partidos políticos referente ao tema Desporto, tem-nos aparecido um CDS-PP, Bloco de Esquerda, e PAN, não muito preocupados com esta área de crescente importância social, conseguindo identificar de forma ténue a importância do Desporto enquanto bem-estar, não tendo no entanto, uma ideia e direção clara para o desenvolvimento desportivo que pretende.
O PCP, outrora um partido de grandes tradições e pensadores nesta área, têm sido a grande decepção em termos programáticos, reclamando uma “nova política para o Desporto”, mas com um discurso escrito e falado pouco claro e assertivo. Os programas do PSD, têm identificado as áreas prioritárias de intervenção para o sector, mas de um forma muito superficial, apenas o quanto-basta, eventualmente para não maçar o (e)leitor. O PS, tem sido “quem” mais reflete, e eventualmente discute internamente antes de escrever o seu Programa, ficando no entanto, salvo melhor opinião, um necessária quantificação de objetivos e metas atingir.
De uma forma global, tem faltado criatividade e inovação, questões novas que implicassem mudança a favor “do cidadão”, “da família”, e da sociedade.
Autor: Fernando Parente