Apesar das teorias económicas socialistas estarem quase moribundas a nível global, apesar de muito recentemente um ex-primeiro-ministro socialista francês ter declarado que o socialismo estava morto, os socialistas em Portugal, na Venezuela ou em qualquer outro lado onde governem, ou tenham governado, distinguem-se principalmente por dois factos.
O primeiro é que são excecionais a conquistar, manipular e perpetuarem-se no poder. Desde o ano de 1995 a 2017, os socialistas governaram Portugal cerca de 15 anos e os principais partidos não socialistas cerca de 7 anos. O segundo facto é que são muito bons a distribuir rendimentos e a dar benesses ao povo, potencialmente eleitor. Só que, para tal, existe um dilema que consiste em não haver teoria económica que o resolva. Para distribuir riqueza, primeiro torna-se necessário trabalhar e criar de forma que a riqueza exista…
Um conhecido Professor, na área da economia, como melhor forma de realizar exames ou auditorias a empresas ou organismos, dizia: “não é necessário que se perca muito tempo a analisar os documentos que suportam os balancetes, os balanços, os orçamentos, os autos de medição e outros.
Normalmente isso está tudo certo. É importante que se analise, face a erros, omissões e incoerências contabilísticas ou através dos rácios económicos do serviço ou da empresa e da sua atividade, o que não está lá contabilizado e deveria lá estar”. Dizemos nós, são empréstimos ou os falsos suprimentos para compor e equilibrar a conta caixa e outras face à sonegação da venda de bens, serviços ou retiradas de capital, são as provisões e regularização de existências feitas indevida e ficticiamente, são os custos plurianuais e os inventários finais não correspondentes com as existências físicas, são as reintegrações, amortizações e reavaliações do ativo imobilizado realizados fora dos quadros legais, são as contas ou a contabilidade criativa, etc., etc.
Não pertencendo nós a um coletivo de parvos, como alguém dizia e como alguns dos nossos governantes teimam em nos fazer crer, consideramos que a economia portuguesa, tendo em atenção a universalidade das pessoas, estruturalmente está a regredir e está a desperdiçar uma conjuntura internacional bastante favorável.
Quando são criados, nos últimos tempos, alguns milhares de postos de trabalho, segundo as estatísticas, a renumeração média não passa dos 570 euros. Quando a grande oferta de emprego é nas grandes cidades de Lisboa e Porto e, nomeadamente em Lisboa, o arrendamento de um T1 custa 1000 ou mais euros por mês, as pessoas e em especial os jovens têm a vida muito complicada. Quando os impostos indiretos, taxas, taxinhas e comissões bancárias estão a níveis cada vez mais elevados. Quando o nível de poupança dos portugueses é negativo.
Quando o endividamento das famílias está a aumentar. Quando o endividamento do país também continua a aumentar significativamente. Quando a função reguladora do Estado está diminuída por carências de recursos humanos nas várias direções e inspeções, nomeadamente na falta de inspetores na Polícia Judiciária. Quando a dívida dos hospitais está cada vez mais elevada. Quando o orçamento do Estado de 2016 foi um e o executado ao longo do ano foi outro, que melhor indício pode haver da falta de transparência.
Finalmente encontramos uma boa notícia – como forma de justificação, a Portugal e ao Mundo, do governo da geringonça, o défice foi o mais baixo da democracia portuguesa… Mas então agora já não se foi além da troika?
Face às cativações orçamentais, pouco transparentes, consentidas pelos partidos da geringonça, será bom saber-se, com verdade, que as mesmas não tiveram, direta ou indiretamente, consequências nas tragédias dos incêndios entretanto ocorridos em Portugal.Mas, mesmo que assobiem para o lado, para cima e para baixo, para trás e para a frente, o que é lamentável, a insensibilidade, face à anormalidade na perda de vidas e ao enorme sofrimento humano, manifesta-se totalmente.
Se não houver responsáveis, é caso para se questionar se viveremos também nós numa república das bananas, onde o que interessa, apenas, é o poder pelo poder!
Autor: Abel de Freitas Amorim