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E a culpa é da pandemia...

Um caso para reflectir. A Roménia entrou para a União Europeia em 2007. Era um dos países satélites da extinta União Soviética e governado, durante décadas, pelo ditador Ceausescu. Era um país pobre, o mais pobre da Europa, tremendamente endividado e tecnologicamente atrasado. Com adesão à UE e com as ajudas que recebeu, a Roménia conseguiu em poucos anos inverter o caminho da pobreza, da má reputação e do atraso. Em 2024, este país, atado e derrotado pela ideologia comunista, vai ultrapassar Portugal no ranking do desenvolvimento humano. Feito assinalável e digno de registo para este país que venceu os enredos ideológicos. 1 - Outro caso para reflectir. Portugal está desde 1986 a receber fundos europeus, e a receber cada vez mais, para se desenvolver e para se afirmar como país do primeiro mundo. No momento, ocupa um lugar pouco honroso no IDH - Índice de Desenvolvimento Humano a nível europeu, o que diz bem das fragilidades que ainda existem e se vão agravando para espanto de qualquer cidadão mais atento às dinâmicas sociais. (O índice IDH é muito mais abrangente do que aquele que se cinge a medidas puramente económicas que se enquadram no PIB - Produto Interno Bruto. O IDH incorpora três dimensões bem diferenciadas: vida longa e saudável - conhecimento /Educação, Formação, entre outros / - padrões de vida dignos). 2 - Sem margem para dúvidas. Portugal está a perder posições no desenvolvimento humano e, como resultado, afunda-se neste ranking, sendo apanhado pelos países do Leste Europeu que, um a um, nos vão deixando para trás. É este ponto que se torna incompreensível. E até revoltante. Se não vejamos: nunca Portugal recebeu tanto dinheiro da Europa como agora; nunca em democracia se tinha atingido o patamar de superávit; nunca em democracia os défices públicos foram tão baixos; o país, apesar de tudo – dizem eles – tem crescido em semestres consecutivos acima da média europeia; as exportações batem recordes; nunca se investiu tanto na Saúde e na Educação; nunca houve tantos funcionários públicos. Estes “grandes feitos” do governo socialista – incongruências e incompreensões – alinham com a propaganda em vigor e desalinham com o estado deprimente da nação. Neste contexto económico “fabuloso”, não se compreende a existência dos 4,5 milhões de cidadãos que são pobres e que destes mais de 2 milhões vivem no fim da linha da pobreza! Como não se compreende o estado deprimente da Saúde que vai empurrando para os Seguros de Saúde largas dezenas de milhares de portugueses! 3 - Perplexidade. Será compreensível que o Banco Alimentar (BA) promova regularmente campanhas de recolha de alimentos numa altura em que o governo espalha a ideia que tudo vai bem, que não há problemas, que o país continua a crescer, que a dívida pública vai descer como nunca, que o défice público se situará nos 0,9% do PIB e que as exportações sobem em flecha? Como é possível o BA socorrer, nesta esquizofrénica histeria socialista, cerca de 500 mil pessoas, quando tudo está bem e os casos e os casinhos intoxicam a política nacional, se colocam os boys e os apparatchiks em todas as instituições do Estado bem municiados com as mordomias daí inerentes? Será aceitável que, num país, tão debilitado e pobre, as pensões vitalícias aos velhos políticos do sistema ainda existam e sejam pagas? 4 - Passar culpas. As culpas da Roménia de nos ter ultrapassado, de o BA continuar a promover campanhas para matar a fome aos mais “desgraçados”, do país perder posições no ranking do IDH, da dívida pública e total disparar para montantes incompreensíveis, a barrar os 800 mil milhões de euros, da fraca produtividade não pode ser imputada agora ao “maldito” Passos Coelho. O alvo das culpas é outro: a Pandemia que, por acaso, só atingiu Portugal na Europa, escapando a Roménia e todos os outros países europeus desta calamidade. Tiveram sorte! O azar bateu mais uma vez à nossa porta. Ironia do destino. 5 - Outras políticas. O caminho certo para acertar a linha do país tem que passar por uma outra orientação: os políticos falarem verdade, assumirem responsabilidades, não iludirem as pessoas, tomarem medidas corajosas, como apoiar sem reservas os investidores, e deixarem de brincar com a distribuição gratuita dos “10 euritos”. O país tem condições naturais e humanas para se desviar da rota de colisão. Basta para isso, aplicar medidas de crescimento económico e não medidas socializantes que já demonstraram ao longo dos tempos que não resultam. Em nada, a não ser em mais pobreza. Embora uma pobreza diferente. Uma pobreza mais “contente”.
Autor: Armindo Oliveira
DM

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4 dezembro 2022