O polémico abate de árvores defronte da fachada do “Theatro Circo” tem causado estupefacção, constrangimento e indignação dos bracarenses, que não encontram explicações capazes de os convencerem que as imposições legais, infelizmente, assim impunham: tomar medidas drásticas numa avenida gradualmente despida de espaços verdes, valendo lá por cima, uns modestos canteiros que de vez em quando também aparecem na mó de baixo, repleto de mazelas circunstanciais da incúria, da ausência do civismo e da ineficácia estratégica do floreado algumas vezes falido na sua objectividade técnica e ilustrativa.
Azar ou coincidência, a informação da autarquia bracarense em querer justificar publicamente que a principal sala de espectáculos da cidade, no seu exterior, fica sem ponta de sombra devido a “imposição estritamente legal e por forma a garantir as condições de segurança e acessibilidade de meios de socorro ao Theatro Circo”.
Surreal, e bom motivo de desconfiança, foi a instalação precisamente no espaço fatídico onde foram “surripiadas” três arvores, para dar lugar uma tenda de grande dimensão que serviu como arranque para o prestigiado evento alocado à “Cidade Europeia do Desporto” que decorre na cidade dos arcebispos até ao final do ano.
Ricardo Rio afirma estar “totalmente dissociadas” o abate das árvores e a colocação da grande tenda, mesmo “colada” à fachada do “Theatro Circo”, contudo, as opiniões negativas da comunidade bracarense, são unânimes em reprovar uma questão do foro legal de acordo com a leitura que se faz pelo comunicado do município de Braga.
A capital do Minho tem traumas irreparáveis do passado sobre os atentados aos espaços verdes que gradualmente foram sendo substituídos ou alternados pela agressividade do betão na desenfreada invasão imobiliária ou construção de parques subterrâneos ou túneis, destruindo ou removendo árvores de grande porte e centenárias, como é exemplo o desaparecimento das saudosas tílias na Av.ª Central.
Obviamente, a lei, impiedosamente, não descarta responsabilidades a quem não a cumpre, e em caso de sinistralidade o crime recai sempre na autoridade municipal. Vejamos o caso letal da queda de uma árvore na Madeira durante as festas de Nossa Senhora do Monte, de que se registaram, lamentavelmente, a perda de vida de 13 pessoas, e 49 feridos, alguns dos quais muito graves.
Em boa verdade, Paulo Cafôfo, na qualidade de presidente da edilidade madeirense e a vereadora do ambiente, Idalina Perestrelo, foram constituídos arguidos, daí perceptível, e não porque fosse a seu gosto, a preocupação da Câmara Municipal de Braga em retirar as referidas árvores para dar lugar à acessibilidade no estrito requisito da segurança e dos meios de socorro a todos os edifícios caracterizados de aglomeração pública no âmbito da participação de um certo número de pessoas em eventos artísticos ou de outra natureza cultural, seja possível sustentar sem dificuldade a operacionalidade e meios de socorro.
Querelante ou estigma, exceptuando a reflorestação e reanimação de áreas abandonadas nas zonas periféricas, a cidade de Braga tem vindo progressivamente a perder, no seu território urbano, a introdução de maior investimento como uma valência de bem-estar social e conferindo à sua comunidade residencial maior qualidade de vida e conforto nas práticas saudáveis e recomendáveis às actividades de lazer mais anímica e participativa em espaço verdes exíguos e maltratados.
O presidente do município bracarense, exprimindo o seu latim no conceito “Dura Lex, Sed Lex”, e levando à letra porque não está acima da lei, seja ela injusta e sem nexo até à sua revogação ou assimetricamente corrigida, viu-se “vergado” a tomar uma medida embaraçosa de coerção e muito dura para a sua imagem e confiança na renovação do seu mandato autárquico, no intransigível cumprimento rigoroso das normas estipuladas na “rijeza” das competências da Protecção Civil, sob pena de ser responsabilizado criminalmente pelo seu incumprimento.
Autor: Albino Gonçalves