Também conhecido como adelfo, cevadilha, espingardeira, entre outros, ocorre naturalmente em muitas zonas do nosso país, sobretudo em matagais e nas proximidades dos cursos de água de regime torrencial do Alentejo e Algarve. Há ainda quem conheça esta planta por “mata-maridos”, epíteto que remete para a elevada toxicidade dos seus tecidos.
O caso do loendro é um bom exemplo da importância da nomenclatura científica de classificação das espécies - nalgumas zonas de Portugal usamos o termo “loendro” para nos referirmos às espécies do género Rhododendron, ou seja, os rododendros. Ora, apesar desta confusão entre loendros e rododendros, esclareço que estes últimos não servem para resolver problemas de casais desavindos…
Por falar em rododendros, restam ainda na península ibérica uns quantos núcleos populacionais de uma espécie de rododendro (o Rhododendron ponticum), relíquia da floresta de laurissilva do período geológico terciário. Dessa floresta primitiva de há mais de 200 milhões de anos, subsistem também os mais vulgares loureiros, medronheiros, azevinhos, folhados, entre outros.
Um destes dias de férias, que vá para os lados da serra do Caramulo, aproveite para conhecer a Reserva Botânica de Cambarinho onde, entre outras belezas naturais, pode admirar a maior mancha de Rhododendron ponticum espontâneo do país. É uma boa oportunidade para perceber as diferenças entre os loendros que lhe vão surgir nesse imenso jardim monótono que é o separador da auto-estrada e os rododendros espontâneos das margens dos ribeiros que descem do Caramulo. É também uma prova de que, por muito que nos esforcemos para embelezar os espaços sobrantes do nosso vício de construtores, seremos sempre meros aprendizes face a essa mestre paisagista imbatível que é a natureza.
Autor: Fernanda Lobo Gonçalves