1. Coma data de 30 de setembro de 2019 o Papa Francisco publicou a Carta ApostólicaAperuit illis(abriu-lhes).
O título recorda uma das aparições de Jesus ressuscitado. «Encontrando-se os discípulos reunidos, Jesus aparece-lhes, parte o pão com eles e abre-lhes o entendimento à compreensão das sagradas Escrituras. Revela àqueles homens, temerosos e desiludidos, o sentido do mistério pascal, ou seja, que Ele, segundo os desígnios eternos do Pai, devia sofrer a paixão e ressuscitar dos mortos para oferecer a conversão e o perdão dos pecados (cf.Lc24, 26.46-47); e promete o Espírito Santo que lhes dará a força para serem testemunhas deste mistério de salvação» (cf.Lc24, 49).
Jesus, digamos assim, ensinou os discípulos a interpretar a Bíblia. Algo de semelhante ao que, na figura de um caminhante, fez com os descrentes e desanimados Discípulos de Emaús (Lucas 24, 13-35).
2. Nessa Carta Apostólica, com o intuito de chamar a atenção dos crentes para a importância da leitura e vivência da Palavra de Deus, o Papa Francisco informa ter decidido instituir o Domingo da Palavra de Deus, que se celebra pela primeira vez no próximo dia 26 de janeiro.
«Estabeleço, escreve, que o III Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus.
EsteDomingo da Palavra de Deuscolocar-se-á, assim, num momento propício daquele período do ano em que somos convidados a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos.
Não se trata de mera coincidência temporal: a celebração doDomingo da Palavra de Deusexpressa uma valência ecuménica, porque a Sagrada Escritura indica, a quantos se colocam à sua escuta, o caminho a seguir para se chegar a uma unidade autêntica e sólida».
«Possa o domingo dedicado à Palavra, escreve também, fazer crescer no povo de Deus uma religiosa e assídua familiaridade com as sagradas Escrituras, tal como ensinava o autor sagrado já nos tempos antigos: esta palavra «está muito perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a praticares» (Dt30, 14).
Alerta para a «importância que os crentes devem dar à escuta da Palavra do Senhor, tanto na ação litúrgica como na oração e reflexão pessoais.»
3. Sobre a forma de celebrar esse domingo o Santo Padre escreve:
«As comunidades encontrarão a forma de viver esteDomingocomo um dia solene.
Entretanto será importante que, na celebração eucarística, se possa entronizar o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia o valor normativo que possui a Palavra de Deus.
Neste Domingo, em particular, será útil colocar em evidência a sua proclamação e adaptar a homilia para se pôr em destaque o serviço que se presta à Palavra do Senhor.
Neste Domingo, os Bispos poderão celebrar o rito do Leitorado ou confiar um ministério semelhante, a fim de chamar a atenção para a importância da proclamação da Palavra de Deus na liturgia. De facto, é fundamental que se faça todo o esforço possível no sentido de preparar alguns fiéis para serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada, tal como já acontece habitualmente com os acólitos ou os ministros extraordinários da comunhão.
Da mesma maneira, os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia, ou um dos seus livros, a toda a assembleia, de modo a fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência àlectio divina».
Autor: Silva Araújo