As doenças oncológicas são, a par das doenças cardiovasculares, as mais frequentes da população ocidental. Um em cada quatro europeus sofrerá de cancro ao longo da vida.
O cancro resulta da proliferação anormal e maligna de células de um determinado órgão ou sistema como, por exemplo, a mama ou o intestino. No processo fisiológico normal só são substituídas as células dos tecidos que envelhecem e morrem. No entanto, podem surgir erros na informação genética celular provocando a proliferação exagerada ou a imortalidade celular, surgindo um tumor.
A acumulação de células malignas ou o crescimento do tumor pode alterar a função do órgão onde surgem e provocar o aparecimento dos sintomas da doença. Também podem surgir alterações visíveis como nódulo da mama, perda de sangue pelo intestino ou um sinal pigmentado na pele.
Em geral as doenças oncológicas aumentam de incidência com o envelhecimento. No entanto estão descritos vários fatores de risco para o cancro que induzem o seu aparecimento mais cedo e com maior frequência. O principal é o tabagismo que aumenta o risco de cancro do pulmão, laringe, boca, esófago, bexiga e outros.
A exposição à luz solar ou a outras formas de radiação ultravioleta, como as usadas nos solários, são também fatores de risco que provocam cancro de pele. Há ainda pessoas com risco de cancro familiar que devem fazer rastreios periódicos.
O cancro pode ser assintomático até fases avançadas, mas muitas vezes provoca sintomas ou sinais que deverão ser considerados de alerta: tumor; sinal novo ou antigo que mude de cor; ferida ou úlcera que não cicatriza; rouquidão ou tosse persistente; alteração de hábitos intestinais ou fezes com muco ou sangue; perda de sangue ao tossir ou urinar; dificuldade em engolir ou enfartamento precoce e perda inexplicável de peso.
O aparecimento de qualquer destes sinais ou sintomas deve levar o doente ao médico.
A dor raramente faz parte das queixas nas fases iniciais da doença. O rastreio e o diagnóstico precoce têm por objetivo detetar a doença numa fase inicial, antes de surgirem sintomas e, se possível, numa fase em que a doença se encontra localizada e potencialmente curável.
A confirmação do diagnóstico de cancro só se consegue através de biópsia de fragmento obtido por punção com agulha ou por resseção cirúrgica.
O exame clínico e os exames auxiliares laboratoriais ou de imagem são fundamentais para avaliar a localização do tumor e metástases, isto é, a extensão do cancro no corpo. Uma doença localizada pode ser curada enquanto uma doença avançada (metastizada) raramente o é.
Uma vez identificado o tipo de cancro e a sua extensão poderá ser planeado o tratamento, que varia consoante o estado clínico e idade do doente. Atualmente, os serviços de Oncologia em Portugal dispõem de grupos multidisciplinares de médicos para discutirem a melhor estratégia terapêutica para cada doente em particular.
As formas de tratamento incluem várias modalidades terapêuticas: a cirurgia tem por objetivo a resseção do tumor e metástases, quando possível; a radioterapia é realizada para eliminar as células que ainda possam restar ou, quando a cirurgia não é possível, para destruir o tumor.
Os tratamentos com fármacos comportam várias modalidades como a quimioterapia, o tratamento hormonal e a imunoterapia, cuja ação se exerce por todo o corpo e pretende atacar não só as células do local do tumor mas também as células circulantes para evitar a metastização.
Numa fase mais avançada da doença, a quimioterapia também é usada para evitar a progressão tumoral.
No seu conjunto, os avanços no diagnóstico e tratamento conseguem curar mais de metade dos doentes, o que torna a doença oncológica a mais curável das doenças crónicas, superior à insuficiência cardíaca, à insuficiência renal avançada e à cirrose hepática.
Autor: Herlander Marques
Doença Oncológica: Causas, Sintomas e Diagnóstico
DM
14 setembro 2018