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Do que se “evita” falar…

Aliás, como sucedeu num passado recente que culminou em 37 anos de poder autárquico, em que só se viu gente vinda do nada a enriquecer e de que maneira. O que não deixou ninguém indiferente, face às verdadeiras “tramóias” nas compras e permutas de terrenos numa “dança de solos” nunca vista. Só assim se poderá compreender o impasse a que se chegou o projeto do Parque das Sete Fontes. 

Ali, o anterior edil produziu aquilo a que se poderá chamar “traição ao interesse público”. E porquê? Porque, a favor de particulares, abdicou de acautelar os terrenos imprescindíveis ao desafogo e à ampliação daquela que poderia vir a ser uma monumental zona verde da nossa Bracara Augusta. Uma mais-valia para a dinamização ambiental e turística. Um local de descompressão, de relaxe da vida citadina e um legado natural para as gerações vindouras. 

Assim o não considerou, deixando um verdadeiro imbróglio de muitos milhões de euros para que se concretize o projeto. Isto, atendendo aos valores atuais dos terrenos, cujas verbas o Município terá de desembolsar para indemnizar os atuais donos que os haviam comprado a preços da uva “mijona”. Por isso, andam agora a tentar cercá-los, até judicialmente, impedindo que ali vingue um ecoparque de forma aliviada. 

É que as verbas a despender com os atuais detentores daquelas “terrinhas” são de tal forma “pecaminosas” que nem o principal opositor à atual edilidade se compromete com tal empreendimento. E só para se fazer uma ideia dos valores em jogo, posso adiantar que apenas um dos proprietários levaria qualquer coisa como 10 milhões de euros. Isto, a preços de 2014. E se a esses somarmos os dos outros, teremos o cenário perfeito para que qualquer presidente eleito, bem-intencionado, que venha por aí – seja qual for a sua cor política –, desista do filme. 

Ora, quando o candidato à presidência da C.M.B. do partido que mais tempo esteve no poder nesta bimilenária e augusta cidade resolve colocar, despudoradamente, a tónica do seu discurso na obra das Sete Fontes por realizar deveria era meditar nos pecados da cobiça e da soberba, que a ameaçam, permitidos pelo partido a que pertence. Pelo que não lhe seria difícil descobrir esses “tubarões” das negociatas que, pelos vistos “ainda mexem…”, indiferentes a que a cidade mirre ou se desenvolva. 

Mas nem só as Sete Fontes são as vítimas do impasse atual. Também o é, por exemplo, a central de camionagem onde não acautelaram – como reserva – os terrenos adjacentes com vista ao futuro daquele equipamento. E mais ainda, nem quiseram honrar com cerca de 1,5 milhões de euros o prédio da Confiança, na altura de venda, embora sabendo que iriam precisar de o comprar. Propósito que, mais tarde, ficaria a nu, ao adquirirem-no por cerca de 3 milhões. Daí, uma certa relutância desse candidato em falar do passado.

Todos sabemos que o anterior edil nunca morreu de amores pelas Sete Fontes. Basta recordarmos que não as incluía nos seus programas eleitorais, enquanto candidato à autarquia bracarense, pouco ligando, até, a algum vandalismo de que foram alvo – dado que se tratava de uma promessa da força política da oposição, de então, a derrotar.

É disto que se tem evitado falar nesta campanha eleitoral. E do que se “evita” falar muito ficará, acintosamente, por dizer. Ficando os eleitores a questionarem-se se, em prejuízo da cidade dos Arcebispos, irão continuar tais práticas? Pois até agora só temos assistido a muita léria, prosápia e a mais do mesmo. 

 

Autor: Narciso Mendes
DM

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25 setembro 2017