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Do desalento aos sinais de esperança

Acredito que, para além dos problemas específicos de cada país ou região do globo, as alterações climáticas e a pandemia pelo novo coronavírus SARS-Cov-2 são hoje o maior desafio da Humanidade.

Se as alterações climáticas já manifestam os seus efeitos catastróficos em várias latitudes com fenómenos de extrema violência e destruição, a pandemia, com o seu cortejo de consequências a diferentes níveis e, principalmente, pelo ainda deficiente conhecimento da doença, da sua evolução e dos seus efeitos a longo prazo, permanece uma ameaça.

Uma ameaça que paira sobre todos os povos, mas que os afeta de forma desigual de acordo com o respetivo grau de desenvolvimento. Se os países mais evoluídos estão mais preparados para resistir melhor, os mais pobres são mais vulneráveis, mais desprotegidos e, sobretudo, muito mais expostos aos seus efeitos.

Se estes dois fenómenos geram uma grande incerteza sobre o nosso futuro coletivo, que dizer das tensões existentes em diferentes partes do mundo? Entre outras, que pensar sobre a tensão entre a China e os Estados Unidos, entre a União Europeia e a Rússia, entre Israel e muitos dos países árabes, da guerra na Síria ou da situação no Afeganistão?

Neste cenário pouco afoito a otimismos, há que não esmorecer.

Aqui e além vão despontando sinais de esperança em melhores dias.

Vê-se em diversos líderes mundiais, de forma consistente e mais expressiva, uma preocupação com toda a poluição que afeta a saúde do nosso planeta. Nota-se um avanço importante na produção de energias renováveis e na substituição do plástico por matérias biodegradáveis.

Quanto à evolução da pandemia Covid-19, é de admitir que, à semelhança de outras pandemias, a vacinação e o natural “enfraquecimento” do vírus o torne endémico e assim nos liberte de boa parte dos constrangimentos que tem causado.

No entanto, se a situação a nível planetário ainda está longe de nos tranquilizar, os sinais apontados são uma luz de esperança que não podemos deixar apagar.

Sinais de esperança, também visíveis no nosso país onde as consequências das alterações climáticas como a desertificação, o avanço do mar em certas regiões e alguns fenómenos meteorológicos anormais são realidades incontornáveis e têm merecido especial atenção, quer de organizações não-governamentais, quer das autoridades competentes.

Do mesmo modo, no que concerne à pandemia, os números ainda que preocupantes, estão longe dos vividos em momentos anteriores, onde a mortalidade e o número de internamentos atingiram valores assustadores.

Se estes são alguns dos sinais que nos devem quebrar o desalento e acreditar que caminhamos para um futuro melhor, há outros que não podemos deixar de mencionar.

Quando se nota uma preocupação de importantes setores da sociedade portuguesa em ver aplicados com proveito e transparência os muitos milhões oriundos de Bruxelas destinados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é um bom augúrio.

Quando a democracia se encontra fragilizada pela baixa participação nos atos eleitorais, pela descredibilização de alguns políticos, pela baixa participação das gerações mais jovens e, sobretudo, pelos escândalos que têm assolado a nossa sociedade, os recentes avanços dados a conhecer pela Justiça sobre alguns processos em investigação há demasiado tempo são um importante revigorante para o regime.

Quando importantes académicos e reputadas personalidades de diferentes áreas apontam para a necessidade de Portugal deixar de ter crescimentos anémicos, de evoluir e de fazer as reformas necessárias para convergir com a Europa, a formação de uma nova associação empresarial presidida por Vasco de Mello, que tem por objetivo impulsionar o crescimento da economia nacional e contribuir para essa convergência, é um acontecimento que não pode deixar de ser efusivamente saudado.

Enfim, acreditemos que os tempos de alguma inquietação e desalento ficaram para trás e encaremos o futuro com confiança, mantendo-nos alerta.


Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira
DM

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6 julho 2021