Gostaria de falar seriamente e com a ajustada profundidade que a inteligência nos permite, do verdadeiro e estável amor, da verdadeira liberdade, da autêntica solidariedade e da real democracia. Para dar saída a este meu ansioso objetivo, não vejo outro remédio senão abrir a mão à vivência irremediável da divulgação do ôntico ser humano por toda a humanidade dele carente, explicitamente os poderosos intelectuais, os ambiciosos políticos, os excessivos economistas, os fervorosos religiosos e todos os outros sem exceção, mesmo os mais famintos de cultura.
Vou exercitar a ávida inteligência (a descobridora da sabedoria), pelas suas dinâmicas operações com o seu fundamento e sua fonte (a transcendentalidade), que a leva a superar as inteligências sensorial e racional, nas suas dimensões científicas e filosóficas, sem as excluir nem amesquinhar.
O ôntico e natural ser humano não é plenamente consciencializado e muito menos vivido e saboreado pela ignorante humanidade. É esfrangalhado e decapitado da sua essência, da sua autonomia e liberdade. A sua vivência estimuladora está, indevidamente, deslocada para o concreto ser existencial, explicitamente para as tentadoras estruturas cognitivas, afetivas, motivacionais e emocionais, para a caducidade das vivências comportamentais, geridas pelas forças do meio ambiente (interno e externo).
Este ôntico e natural ser humano que vou agora aqui descrever para o divulgar e ser acariciado e preso ao coração, é o ser na sua substância, constituído de espiritualidade corporizada, transcendental, una e banhada no mar profundo das suas benéficas relações de bem. Penso que, sem esta modesta compreensão e exigente vivência, é vão falar do autêntico e perene amor, da real liberdade, da autêntica solidariedade e da confortável democracia.
Vou, então, começar pela descrição da estonteante labareda do amor. É uma energia imanente, concreta e afetiva, que une o amante ao desejado amado. Este é o amor como atração e afeto. O amor, como o verdadeiro e eficiente caminho do autêntico sentido da vida humana, exige da pessoa a sua integração, conexão e congruência com a transcendentalidade do ôntico ser humano. (A transcendentalidade do ser é toda a sua potencialidade de superar o vaidoso e despótico ser existencial, o que torna o amor libertador).
A liberdade leva a nossa mente a afagar-nos, carinhosamente, com a auto determinação da pessoa para… e a nossa transcendentalidade completa-nos ao dizer que esse para fumega na congruência dos imperativos dogmáticos do nosso ser.
A solidariedade é a permanente procissão, unida pela familiaridade, cooperação e colaboração, com fundamento na transcendentalidade do ôntico ser humano e não na energia isolada e atordoadora da realidade existencial, contingente e fragmentadora.
A democracia entendo que é o governo transcendental do homem para o homem existencial no intuito de o dignificar na sede do seu ôntico ser e de o libertar do pântano da dominação e da miséria, através dos relacionamentos universais do Bem.
Amor, Liberdade, Solidariedade e Democracia levam o homem na direção do verdadeiro sentido da vida, na direção de Deus.
Autor: Benjamim Araújo
Do Amor envenenado para a Democracia autoritária

DM
21 março 2018