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Diverticulite

Divertículos do cólon são alterações da estrutura da parede do intestino grosso que formam pequenos “bolsos”. O desenvolvimento destes divertículos deve-se a vários factores como 1) alterações de pressão na parede intestinal, 2) alterações do movimento intestinal, 3) alterações da própria constituição da parede intestinal que a tornam menos resistente e mais susceptível à formação destas mini-hérnias intestinais e 4) factores genéticos.

Cerca de 95% dos divertículos localizam-se a uma distância entre os 15 e os 40 cm do ânus - cólon sigmóide. A probabilidade de desenvolver divertículos intestinais vai aumentado com a idade e nos países industralizados, cerca de 60% das pessoas com 60 anos apresenta divertículos, globalmente semelhante entre homens e mulheres. À presença de divertículos em alguém sem sintomas dá-se o nome de “diverticulose”.

Apenas 30% das pessoas com divertículos vai apresentar sintomas relacionadas com estas pequenas bolsas intestinais. Aquelas com maior risco de apresentarem sintomas são 1) as que consomem poucas fibras na alimentação, 2) fazem uma alimentação rica em carnes vermelhas e gorduras, 3) têm pouca actividade física, 4) estão medicadas com anti-inflamatórios, corticóides e opióides, 5) são obesas, 6) são fumadoras. O consumo de café, o consumo de álcool e o consumo de sementes não parece aumentar o risco de desenvolver divertículos nem de terem sintomas da sua diverticulose.

As principais manifestações dos divertículos que nos devem alertar são a perda de sangue pelos divertículos – hemorragia diverticular – e a inflamação dos divertículos – diverticulite.

A hemorragia diverticular ocorre em 5% das pessoas com divertículos. O mecanismo que desencadeia a hemorragia diverticular é a erosão de uma pequena artéria superficial da parede intestinal no local dos divertículos. O doente apresenta perda de sangue pelo ânus, vermelho vivo ou escuro.

O doente deve dirigir-se ao hospital onde será realizada uma entrevista clínica e análises e serão iniciadas as primeiras medidas de tratamento.

O diagnóstico é feito por colonoscopia. Poderá ser tratado apenas de modo não invasivo em situações mais ligeiras a moderadas. Em casos mais graves e que não respondem às medidas iniciais, pode ser necessário tratamento por colonoscopia ou cirurgia.

A diverticulite ocorre em 5-25% das pessoas com divertículos. A diverticulite pode ser aguda ou crónica. Os mecanismos que desencadeiam a diverticulite são microperfurações contidas pela gordura intestinal que provocam inflamação local ao nível dos divertículos. Os doentes apresentam dor abdominal abaixo e à esquerda do umbigo associada a febre. O doente deve dirigir-se ao hospital onde o diagnóstico de diverticulite aguda será feito através de análises e exame de imagem abdominal – ecografia ou tomografia (habituamente referida como TAC).

Na maioria dos casos (85%), a diverticulite é definida como não complicada e será tratada com soro, medicação para controlo da dor e em alguns casos antibiótico. Em 15% dos doentes podem surgir complicações como abcessos, inflamação abdominal generalizada ou perfuração intestinal.

Nesses raros casos mais graves e não respondedores aos tratamentos habituais será necessário internamento e possivelmente cirurgia. A diverticulite pode ocorrer de novo em 15 a 30% dos casos. Para prevenir novos episódios de diverticulite, os doentes devem deixar de fumar, manter actividade física moderada e uma dieta rica em fibras. Os doentes devem realizar colonoscopia total nos 12 meses seguintes a um episódio de diverticulite, se não tiverem realizado recentemente este exame.


Autor: Ana Célia Caetano
DM

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3 janeiro 2020