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Direitos de Formação

Nos últimos tempos muito se tem falado da importância da formação de atletas em virtude de alguns clubes se terem socorrido do trabalho efetuado com elevado sucesso, desonerando os custos de aquisição de jogadores e ter a possibilidade de encaixar muitos milhões de euros.

No que diz respeito aos clubes de formação percebem-se os diferentes pontos de vista, os dos clubes que recrutam e dos clubes que perdem atletas, mas a conclusão que se pode extrair é que o recrutamento de jogadores é inevitável, em qualquer contexto e em qualquer lugar, mas que pode ser evitável se as regras forem muito claras. Sei que este assunto não é muito pacífico pois as opiniões divergem e vistas do lado em que se está envolvido, como importador ou como exportador.

Talvez por já ter trabalhado em contextos de formação, percebo os diferentes pontos de vista, os dos clubes que recrutam, e dos clubes que perdem atletas, mas isso é uma inevitabilidade.

No entanto, neste momento, não existe nenhuma regulamentação que contemple, em termos de recrutamento de jogadores, passagem de atletas de um clube para outro, por isso faz-se totalmente livre.

No meu entender esta medida é uma de quem não quer pensar o desporto e não querer proteger os clubes e as modalidades.

Os clubes que formam, porque apostam em bons treinadores e em boas condições de trabalho tem que ser compensados pelo que fazem, mas o recrutamento “selvagem” sem regras, só faz com que se crie um injusto desequilíbrio entre clubes e nível de competição.

Muitas das vezes, os clubes com mais força de atração recrutam os jogadores à sua volta para ter um plantel excedentário de jogadores e muitas das vezes quase não são usados, criando dois problemas graves: o “secar” das equipas à volta dentro da sua competição e o estagnar dos atletas que no seu clube de origem jogariam e se desenvolveriam, dando também mais qualidade às suas equipas quer na competição interna e externa.

Repito, o recrutamento de jogadores de formação é um processo natural e deve acontecer, o que não pode acontecer é um sistema que cada vez mais permite uma desigualdade entre equipas, beneficiando sempre os mais “fortes” em detrimento dos mais “fracos”.

Sei como em alguns países se processa o sistema de transferências, onde os clubes formadores também perdem jogadores para os maiores clubes, mas, com um senão muito importante, é que os clubes formadores irão sempre ser compensados financeiramente para o resto da vida do atleta, enquanto este jogar.

A meu ver, visto que temos que adaptar à nossa realidade, o sistema atual não ajuda o desenvolvimento das modalidades, antes pelo contrário, sendo assim talvez uma regulamentação muito simples, com uma limitação por escalão, de cada clube, do número de atletas que podiam ir buscar a outros clubes dentro da sua associação, e outro limite fora da sua associação (podem sempre existir atletas que mudam de residência).

Temos que caminhar para a sustentabilidade dos clubes e das modalidades criando regras que possam tornar o sistema mais justo e equilibrado para todos!..


Autor: Luís Covas
DM

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3 maio 2019