«Ao mesmo tempo convida quem se prodigaliza em seu favor, a começar pelos familiares, profissionais de saúde e voluntários, a dar graças pela vocação recebida do Senhor para acompanhar os irmãos doentes».
Permite também contribuir para a «difusão de uma cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio ambiente; encontrar um renovado impulso a fim de lutar pelo respeito da integridade e dignidade das pessoas, inclusive mediante uma abordagem correta das questões bioéticas, a tutela dos mais fracos e o cuidado pelo meio ambiente».
2. O Papa salienta a dignidade do doente, escrevendo:
«Cada doente é e permanece sempre um ser humano, e deve ser tratado como tal. Os doentes, tal como as pessoas com deficiências mesmo muito graves, têm a sua dignidade inalienável e a sua missão própria na vida, não se tornando jamais meros objetos, ainda que às vezes pareçam de todo passivos, mas, na realidade, nunca o são».
Muito oportuna esta chamada de atenção, numa sociedade dominada pelo egoísmo e comodismo, para quem o sofrimento dos outros não conta. Numa sociedade que vê no doente um estorvo de que procura libertar-se, pretendendo legalizar o atentado contra o direito à vida que é a prática da eutanásia. Numa sociedade materialista e interesseira para a qual o doente é alguém que não produz e só gasta. Numa sociedade prostrada diante do deus dinheiro para quem o doente só vale na medida em que proporciona lucro. Numa sociedade que converte o doente em mero objeto, fazendo nele experiências que nada têm a ver com o cuidado da sua saúde.
O respeito para com o doente exige que se lhe preste, em todas as circunstâncias, a assistência material e espiritual a que tem direito. Exige que, mesmo aos doentes incuráveis ou em fase terminal, não faltem os cuidados médicos necessários para lhes aliviar o sofrimento.
É verdade que todos temos de partir, mas que partamos bem, e só quando Deus quiser.
3. Na sua mensagem o Papa tem palavras de apreço para com todos os que prestam assistência aos doentes: médicos; enfermeiros; voluntários; todos os homens e mulheres consagrados comprometidos no serviço aos doentes e necessitados; instituições eclesiais e civis que trabalham nesta área; famílias que cuidam amorosamente dos seus membros doentes. Que se relacionem com o doente «como uma pessoa que certamente precisa de ajuda – e, por vezes, até para as coisas mais elementares – mas também é portadora do seu próprio dom que deve partilhar com os outros».
A assistência aos doentes consiste em procurar a sua cura, em aliviar-lhes o sofrimento, em ajudá-los a saberem viver sofrimento.
4. Todos os dias são dias do doente e não apenas uma vez por ano.
Ao falar do doente, o Papa refere-se a todos os atribulados. A todas as vítimas de sofrimento, quer se trate do sofrimento físico ou sofrimento moral.
É missão da Igreja, lembra, o serviço aos últimos, aos enfermos, aos atribulados, aos excluídos e aos marginalizados.
Os doentes ocupam – ou devem ocupar – um lugar especial na ação pastoral da Igreja, que deve saber estar junto deles não apenas uma vez por ano mas sempre que seja possível e necessário. Que, respeitada a sua liberdade, nenhum doente cristão seja privado do conforto que lhe pode ser proporcionado. Que lhe seja dada a oportunidade de, se quiser, poder comungar. Que nenhum, – respeitada a sua liberdade, insisto – parta sem o conforto que a comunidade cristã pode proporcionar.
Nenhum cristão consciente deve assumir uma atitude de indiferença perante a situação de um irmão que sofre, não repetindo o comportamento censurável do sacerdote e do levita da parábola evangélica (Lucas 10, 29-37).
E a assistência aos doentes é serviço e não espetáculo.
Autor: Silva Araújo