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Desafios de um novo ano

O iniciar de um ano novo é normalmente um momento de reflexão, reorganização, de redefinição de novas metas e objetivos, um momento de renovação de esperanças.

A tradição das resoluções de ano novo remonta para a antiguidade, onde os povos realizavam as suas promessas aos deuses no início de cada ano. Jano era uma figura mitológica que está na origem da palavra do mês de Janeiro, sendo ele o Deus das transições e das mudanças, representado como sendo uma figura de dois rostos, um olhando para o passado e outro, olhando para o futuro.

De facto, as resoluções são definidas no sentido de orientar, estabelecer prioridades, podendo ser úteis para as nossas tomadas de decisões e mudanças de estilo de vida.

Várias investigações têm vindo a ser realizadas no sentido de entender os motivos, os conteúdos, a consistência/persistência, o sucesso e resultados das resoluções de ano novo. De facto, na generalidade, muitos de nós definimos as nossas resoluções, sendo elas contextuais, culturais, na sua generalidade relacionadas, com assuntos de saúde, carreira, mudanças de estilo de vida, para alcançar sucesso e melhorias, no entanto, apenas 8% conseguem seguir as suas metas, sendo mantidas, em média, cerca de um mês e na sua maioria, abandonadas logo em meados do início do novo ano.

A desistência pode estar relacionada com aquilo que os psicólogos designam de violação da abstinência, ou seja, a resposta cognitiva negativa que se experimenta face ao incumprimento da abstinência. O modo como reagimos ao primeiro lapso irá influenciar o nosso comportamento futuro, levando ao abandono.

De facto, os dados são consistentes, designando que definimos metas ambiciosas, insustentáveis que temos perceção que não vamos ser capazes de cumprir e são reflexo de uma sociedade obcecada pela perfeição e automelhoria imediata, sendo também elas fontes de ansiedade, pressão e frustração, mesmo quando estamos a iniciar um novo ano.

Mas será que necessitámos de as realizar? O refletir sobre o nosso percurso, ajuda-nos a consolidar sentidos, definir novas orientações e direções e seguir novos caminhos. Não necessitando de data específica para o fazer, existem marcos, momentos, experiências, desafios, fases de transição, mesmo que simbólicas, que nos motivam e levam a refletir, tomar decisões, mudar de direção e alterar comportamentos.

Para que sejam úteis, e se tornem num hábito, as metas devem seguir o que é designado pela regra SMART, ou seja: ser específica e não geral (ex. Vou começar andar 15 minutos por dia para conseguir andar 30 minutos diários); mensurável, no sentido de conseguirmos avaliar e comprovar o sucesso do seu cumprimento; alcançável, sendo realista, para ser realizada; relevante, no sentido de surgir de uma necessidade sentida; e monitorável, por forma a se avaliar o seu progresso ao longo do processo. Ou seja, facilmente identificáveis para que tenham ganhos evidentes.

Mas a pergunta mais importante que deve ser orientadora dos nossos objetivos e metas, é mesmo o que quero SER, qual o meu sentido, pois só assim poderemos FAZER para TER. O problema dos dias de hoje, é que muitas vezes nos focamos no ter, para depois fazer e em último no ser, o que nos leva a longo prazo a frustração e desmotivação.

Não desista de si, torne as suas resoluções em novos desafios.


Autor: Cristiana Lopes
DM

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24 janeiro 2020