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Democracia às pinguinhas

Sá Carneiro – voluntária e livremente – deixou uma máxima aos militantes do seu PSD: “primeiro, Portugal; depois democracia e só depois, social-democracia”. Também se entende esta frase: social-democracia, mas sempre também com base nos interesses nacionais, cuja acção se exerceria dentro das normas democráticas.

O presente intróito para afirmar que ao longo destas quase cinco décadas de democracia em Portugal, democracia, temo-la tido segundo o nosso merecimento, isto é, democracia às pinguinhas. Vejamos. Iremos ter brevemente as eleições autárquicas, a 1 de Outubro deste 2017, dia em que haverá muitos jogos de futebol. Ora esta situação, este desrespeito pela Nação Portuguesa é gritante. Horroroso, é apercebermo-nos, pelo menos até à data, do semi-silêncio dos partidos políticos e do Governo que diz governar-nos. Até o futebol, em Portugal, se impõe à democracia e se marimba para eleições nacionais, que, como se confirma, é democracia às pinguinhas.

A nossa democracia – adulta e com 43 anos de idade – tem muitas facetas. Qual o país, que é capaz de apoiar, de escolher/votar, em eleições, em pessoas pouco escrupulosas, em políticos que verdadeiramente se serviram, à revelia da lei, do país? Esta realidade portuguesa, esta miserável atitude de se não pensar, lembra Pôncio Pilatos quando pediu ao povo para escolher entre um ladrão – Barrabás – e um homem justo que tinha pela frente, Cristo.

E o povo, sem pensar, de memória curta, escolheu o ladrão. Sabe-se que esta gente – dentro dos caminhos podres em que circulam – são sábios, são sedutores, dão cinco, mas rapaceiam mil em benefício próprio e, o justo, por muito honesto que seja, não recolhe os votos devidos nas eleições, porque os sedutores seduzem nas 24 horas do dia.

Outra faceta da nossa democracia às pinguinhas, é aquela do “irreversível” Paulo Portas que anuncia a saída do Governo anterior – PSD/CDS – e aceita depois ser vice-primeiro-ministro do mesmo Governo! Assunção Cristas, ex-ministra, que ministrou à velocidade de tartarugas, critica a agricultura actual e quer que o metro de Lisboa tenha mais centímetros do que os que deve ter. Passos Coelho também, que não é de todo, oposição ao Governo, que vive preso ao ressentimento da injustiça política feita por barrabases deste século, afunda-se em democracia às pinguinhas e apenas zela pela comodidade do seu umbigo.

Bismarck escreveu a meio da sua vida pública que “nunca se mente tanto como depois de uma caçada, durante uma guerra ou antes de umas eleições”. Era impossível, para a normal convicção do autor destas simples linhas, não citar Otto Bismarck, para fortalecer o que se segue. António Costa, que faz verdadeira demagogia política, que tem devidamente montado o palco da publicidade, que nada dá a quem foi sacado em ordenados e em pensões – apenas tem reposto uns míseros tostões – que esconde o sempre cada vez mais aumento da dívida pública e privada…, tem o desplante de dizer ao povo nestas eleições autárquicas, que votar nos autarcas do PS era importante, pois o Orçamento de Estado para 2018, muito irá beneficiar o poder local. Como é possível afirmar-se tal bafo, quando o Orçamento ainda não está aprovado pela Assembleia da República e poucos ou ninguém, extra-partidos, o conhecem?

António Costa corre demais, em excessiva velocidade e isso não é sinal de sabedoria. E relembrando tudo que este primeiro-ministro fez, para o ser, fica-se com a certeza de que é muito difícil convencer o que julga ser sábio, de que não é sábio. E Catarina Martins – não vendo sabedoria e verdade na “Geringonça” – já afirmou que “no futuro não haverá esta coligação com Costa e Jerónimo de Sousa”. Assim, pensando o meu país e destapando esta democracia às pinguinhas, creio que o presidente Rebelo de Sousa – querendo a destruição da crise que nos devora – terá dois actos políticos imprescindíveis no fim das eleições autárquicas: ver afastado Passos Coelho da liderança do PSD e dar o golpe de misericórdia ao geringonçado Governo, uma vez que Bloquistas são tenros pintainhos e os Comunistas um museu de arte antiga.

O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.


Autor: Artur Soares
DM

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15 setembro 2017