A Degenerescência Macular da Idade (DMI) é uma doença degenerativa da área central da retina (mácula) que provoca uma perda da visão central (a mesma que usamos para ler, distinguir as cores, o movimento e o detalhe). A incidência e a prevalência da DMI têm vindo a aumentar e, atualmente é apontada como a causa mais comum de perda de visão nas pessoas acima de 55 anos.
O envelhecimento geral da população, o aumento dos fatores de risco e a melhoria do diagnóstico, são apontados como causas.
A idade, tabagismo, história familiar de DMI, exposição intensa à luz solar, doenças cardiovasculares, aumento do colesterol e dos triglicerídeos, fatores genéticos associados a inflamação e carências nutricionais são fatores que aumentam o risco de vir a desenvolver a doença.
Trata-se de uma situação potencialmente incapacitante se não diagnosticada e tratada atempadamente e pode assumir três formas: DMI precoce (Maculopatia da Idade), DMI seca (ou atrófica) e DMI exsudativa (ou neovascular).
A Maculopatia da Idadeé a fase inicial da doença, habitualmente assintomática, caracterizada por alterações maculares que incluem a acumulação de depósitos designados por drusas. As drusas podem interferir na saúde da mácula, causando degenerescência progressiva de células da retina. Na DMI seca a redução na visão central ocorre gradualmente ao longo de anos e é provocada pela atrofia progressiva da retina macular.
Já a DMI exsudativaé a causa mais frequente de perda visual grave, em que os vasos sanguíneos prematuros (neovascularização) desenvolvem-se sob a mácula. A fragilidade da parede destes vasos predispõe ao desenvolvimento de hemorragias e à acumulação de líquido na mácula provocando perda de visão rápida.
A probabilidade de desenvolver formas graves é cinco vezes maior se já há uma forma precoce em ambos os olhos. A forma grave mais frequente é a DMI seca (80 a 90%). A forma exsudativa, embora menos frequente (10 a 20%), é responsável por 90% de perdas graves de visão.
Dados oficiais em Portugal, indicam que haverá cerca de 355.000 pacientes com DMI. A forma mais precoce contribui com cerca de 85 a 90% dos casos. As formas avançadas da doença são responsáveis por 10 a 15% dos casos (38.000 com DMI seca e 7.000 com DMI exsudativa). Todos os anos surgem cerca de 45.000 novos casos com a forma precoce da doença e cerca de 5.000 com uma das formas tardias.
As formas precoces da doença devem ser identificadas pelo risco de evolução para formas graves. É importante manter uma alimentação cuidada, proteção da luz solar intensa e monitorização sistemática. Nos casos de maior risco, uma suplementação nutricional específica pode reduzir o risco de progressão.
A forma de DMI seca não tem tratamento específico disponível apesar de já existirem soluções terapêuticas que se mostraram promissoras em vários estudos.
Na DMI exsudativa, deve ser instituído com a maior brevidade possível pelo risco de lesões irreversíveis. Os pacientes devem ser referenciados a um centro com oftalmologistas especialistas em doenças da retina, onde, após diagnóstico por Angiografia e Tomografia de Coerência Óptica, se fará o tratamento mais adequado e que pode incluir injeções intraoculares e/ou terapêutica fotodinâmica (procedimento não invasivo em que o medicamento é ativado com uma fonte de luz inofensiva). Com os tratamentos atualmente disponíveis para as formas exsudativas, é possível evitar a progressão da doença em 90% dos casos e até melhorar a visão em 70% dos pacientes.
Autor: Luís Mendonça