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De volta à “vidinha”

Passada a euforia do palavreado sobre as mais variadas promessas e de alguns milhões de euros gastos com a campanha para as ‘eleições autárquicas’ é tempo de vestir o fato, pôr a gravata e mudar de postura. E se os vencedores já estarão, porventura, nos aposentos autárquicos a ocuparem as cadeiras dos lugares para que foram eleitos, já os derrotados, tal como os ‘coelhos’, é o seu regresso às ‘tocas’ habituais. Daí, o tema ser coisa que já pertence ao passado, ou seja, ao ‘rame-rame’ dos eleitos voltarem a deixar de passar ‘peva’ a quem os elegeu e cumprirem o calendário das ‘vingançazinhas’ de estimação.

Com efeito, não faltaram motivos de perplexidade, no dia da reflexão, sobre em quem votar. E porquê? Perguntarão. Porque as propostas dos candidatos esbarravam-se, mutuamente, em contradições. Ou seja, se por um lado se dizia urgente a construção de novas habitações a preços acessíveis, por outro condenava-se mais cimento e betão; mais acessos rodoviários às cidades, mas ‘não’ ao aumento do CO2; mais serviços públicos gratuitos, mas finanças sadias nas Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia; sim à aquisição e recuperação de imóveis devolutos – para fins culturais –, mas menos despesa pública; eliminar ou baixar as taxas municipais, inclusive a do IMI, mas com tesourarias capazes de tudo sustentarem, etc.

Já no que diz respeito aos candidatos à autarquia bracarense, se houve quem defendesse muito do que acima referi, também tivemos quem desembrulhasse parques de estacionamento automóvel na periferia citadina e autocarros de ida e volta – e em força – para a cidade, mas mantendo nela os parques ao funcionalismo público; quem ventilasse uma urgente ‘via circular externa’ de desafogo à saturada ‘Avenida A. Macedo’ e ‘nó de Infias’, mas logo rotula de utópico disparate pelos demais; mais alojamentos para estudantes próximos à U. Minho, mas na velha Confiança não – diziam outros, etc., etc.

Com efeito, de todas as propostas apresentadas, a nível nacional, um desejo ficou claro: o de que todos pretendiam ‘sol na eira e chuva no nabal’. O que não vi, nem ouvi, foi os proponentes a questionarem-se sobre as dívidas da suas Autarquias; de onde viriam os muitos milhões para tal, ou se há capacidade de maior endividamento. Tendo sido por este emaranhado de dilemas, adjacentes às incoerências de cada um, que a abstenção foi o que foi.

Então no que concerne aos debates, os mesquinhos fait-divers animaram-nos em prejuízo da discussão de ideias, bem como da coerência e credibilidade das mesmas. E quanto a isso, devo dizer que, tirando um ou outro caso a, maioria deles demonstrou não ter a desejada preparação para exercer um cargo no poder autárquico. Alguns, até pareciam viver num país rico que não Portugal. Depois, as ideologias foram acomodadas em plano superior, em vez de ter sido dada primazia aos interesses das populações; às soluções realistas a darem aos seus problemas e quais os planos de alavanque às economias e ao desenvolvimento das cidades vilas e aldeias do país.

A par disso e talvez de propósito, cada candidato ocultou aos eleitores o que pensa sobre a ‘regionalização’. Assim como acerca da reversão das ‘Uniões de Freguesias’, que chamada ‘Lei-Relvas’ lhes impôs – a meu ver mal –, a saber: o Estado nada poupou com isso; descaraterizaram-se; perderam a performance, capacidade reivindicativa e o bairrismo dos fregueses. Nem houve quem tivesse aludido à nova discussão sobre a matéria, a fim de verem legitimada a separação às que o requeiram fazê-lo.

Agora, é tempo de estarem de volta à “vidinha” e de retomarem as velhas, ou novas, rotinas. E de auspiciarmos para que daqui a 4 anos, se Deus quiser, apareça gente com mais ‘fibra’ e ‘carisma’.

Por último, sempre vim afirmando que a coligação ‘Juntos por Braga’, liderada pelo dr. Ricardo Rio, alcançaria o seu terceiro e último mandato. Parabenizo-os pela vitória e, ao mesmo tempo, por terem conseguido uma gestão sem qualquer situação obscura.


Autor: Narciso Mendes
DM

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4 outubro 2021