Neste tempo imprevisível que atravessamos, quando já estamos a viver a quadra natalícia que sempre nos reconforta, não devemos deixar de refletir sobre as inúmeras incertezas que nos constrangem.
Na verdade, se nos debruçarmos sobre o que se passa à nossa volta e espraiarmos o nosso olhar um pouco mais além, não ficaremos descansados.
Olhando para a conjuntura político-social interna, as surpresas e as incertezas abundam. Porém, se examinarmos o que vai acontecendo além-fronteiras os sobressaltos serão ainda maiores.
Entre as surpresas, a vitória de Rui Rio nas eleições diretas para líder do PSD não deixa de ser a maior, se atendermos à opinião maioritária da comunicação social e aos apoios expressos pelas diversas estruturas partidárias ao candidato derrotado, Paulo Rangel, antes do ato eleitoral. Em diferente nível, a demissão de Eduardo Cabrita de ministro da administração interna, embora há longo tempo esperada, não deixa de ser surpreendente atendendo à ocasião, quando faltam pouco menos de dois meses para as eleições legislativas.
Quanto às incertezas, a maior será certamente o comportamento dos portugueses nas urnas em relação ao governo e ao Partido Socialista que lhe dá suporte, que tem presidido aos destinos do país nos últimos seis anos. Pelo que se tem visto e pelos vários comentários lidos e ouvidos, dá mostras de esgotamento e de muito cansaço. Haverá uma bipolarização marcada à volta dos dois projetos com maior capacidade para ganhar, ou continuaremos a ter uma dispersão de mandatos que se traduzirá em novas forças partidárias com representação parlamentar? Qual será a atitude e que programas serão apresentados aos portugueses pelos diferentes partidos ou coligações? Que governo teremos depois de 30 de janeiro do próximo ano?
Se a nível interno as dúvidas e as surpresas são muitas, lá fora não deixam de ser ainda maiores.
Na Europa, a situação de milhares de migrantes que pretendem fixar-se em território europeu, além de ser humanamente confrangedora, é um problema sem fim à vista. Por outro lado, a situação de conflito latente entra a Ucrânia e a Rússia, não deixa de ser uma ameaça à segurança e à paz mundial.
Na África e na América a situação de fome e de doença vivida por milhões de seres humanos de muitos dos seus países é degradante e deprimente.
E que dizer do conflito em crescendo entre a gigante República Popular da China e Taiwan? O arquipélago reclama independência e intitula-se a si próprio como República da China e possui um acordo de defesa com os Estados Unidos da América, o que não deixa de ser mais uma ameaça à paz no mundo.
Entre grandes indefinições e outras tantas incertezas, acredito que o Ano Novo nos possa brindar com um novo governo robusto e com apoio maioritário, capaz de conduzir o país a maiores patamares de progresso. Um governo capaz de combater a inércia, o “status quo” e de dar um combate sem tréguas à pobreza e a todas as desigualdades.
Acredito que, mais uma vez, Rui Rio poderá surpreender!
Nestes tempos conturbados que vivemos, apesar de tantas incertezas no futuro, é preciso manter a serenidade que nos faça ter esperança em melhores dias.
Quando amanhã a Igreja Católica celebra o dia da Imaculada Conceição, data que recorda a vida e as virtudes de Maria, mãe de Jesus, que todos os crentes se inspirem no seu exemplo e roguem a sua proteção. À semelhança do rei D. João IV que, como reconhecimento e gratidão pela Restauração da Independência em relação a Espanha, numa cerimónia solene ocorrida em Vila Viçosa no dia 25 de março de 1646 a fez Rainha e Padroeira de Portugal, repitamos a consagração a Maria.
Numa prece singela ou em simples atitude de fé renovemos a veneração que a maioria dos portugueses lhe devota há mais de três séculos e nunca desdenhemos a sua proteção.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira