O Governo anunciou, através do Secretário de Estado da Juventude e Desporto, que pretende colocar Portugal, até 2030, no lote dos quinze países com mais prática de atividade física e desportiva da União Europeia.
No entanto este objetivo, para já, não passa de um mero plano de intenções já que não foi apresentado qualquer plano estratégico para que se possa concretizar essa intenção.
A própria Assembleia da República aprovou recentemente uma resolução,publicada no passado mês de fevereiro no diário da república, recomendando ao Governo um fundo de apoio ao desporto para apoiar os clubes e associações desportivas em dificuldades financeiras devido ao impacto da pandemia da doença COVID-19, através da captação de uma percentagem das receitas do Placard, plataforma de apostas desportivas gerida pelos Jogos da Santa Casa, e de financiamento proveniente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
Prestes a atingir um ano, face ao tremendo impacto da pandemia nos mais diversos domínios do desporto, e depois de nenhuma das medidas apresentadas por diversas organizações desportivas, em sede de discussão de orçamento de estado para 2021 terem sido aprovadas no Parlamento, saúda-se esta iniciativa da Assembleia da República.
Esta proposta foi apresentada pelas organizações de todo o sistema desportivo ao primeiro-ministro, integrada na moção estratégica daprimeira “Cimeira das FederaçõesDesportivas”e sucessivamente reiterada junto do governo, como absolutamente determinante para salvaguardar a sobrevivência das organizações desportivas que agoniam perante a ausência de receitas gerada pela suspensão das suas atividades e agravada pela profunda quebra de atletas e agentes em todo o sistema desportivo, sendo expectável uma receção profunda para o sector.
Tenho também conhecimento que vários governos europeus aprovaram e implementaram, no início da crise pandémica amplos pacotes de medidas extraordinárias de apoio ao desporto, seguindo, aliás, recomendaçõesda união europeia e das nações unidas.
É imperioso incentivar as autoridades públicas a apresentar um plano de ação com medidas concretas de promoção do desporto de base e da atividade física tendo em vista o impacto prejudicial da pandemia, assegurando que o desporto continue a proporcionar os seus benefícios a todos os cidadãos e à sociedade em geral, atenta a sua inestimável relevância em matéria de saúde pública.
Uma palavra de especial destaque para a seleção masculina de andebol que no passado fim-de-semana conseguiu um apuramento épico para os Jogos Olímpicos de Tóquio, um feito para a história do desporto português.
E, não só pelo efeito da saúde mas também pelo relevo que uma seleção dá ao seu país, deveria obrigar os seus governantes a proporcionar ao desporto as condições necessárias, reconhecendo-lhe a importância que este merece numa sociedade moderna.
Por tudo isto é necessário passar das palavras aos atos, para bem da sociedade geral e do bem-estar dos portugueses.
Caso isso não aconteça provavelmente estamos a criar todas as condições para no futuro termos problemas, duradouros, bem mais difíceis de resolver.
Autor: Luís Covas
Das palavras aos atos

DM
19 março 2021