Portugal é um país onde predominam a injustiça, as desigualdades, a impunidade e uma assustadora falta de preparação dos governantes no que diz respeito à tomada de grandes decisões. Decisões que ajudem a escrever um futuro de país desenvolvido.
A nível regional, Braga é uma cidade onde sempre imperou (e impera) o caos urbanístico, os compadrios e as negociatas, a falta de transparência, o favorecimento de poucos em desfavor de muitos, a ausência de sensibilidade social, e a incompetência geral na gestão dos destinos de uma cidade que pode e deve ser atrativa, pode e deve garantir qualidade de vida aos que nela vivem, e, sobretudo, um local onde as novas gerações tenham orgulho de viver.
E são por vezes as pequenas coisas que dizem muito, ficando por explicar decisões que só nos provam o desnorte e o alheamento que paira na sua gestão. Na rua dos Capelistas, junto a uma escultura, colocada no meio da rua, foi fixada uma placa com uma breve explicação sobre o que representa. Gesto de louvar, não fosse a mesma placa ter sido fixada, pasme-se, não apenas no chão, mas com quatro enormes parafusos, salientes, que são um enorme obstáculo para os transeuntes (em geral), e especificamente para os invisuais.
Temos de encarar estas situações como uma «prova dos nove» relativamente à falta de atenção e de preparação de quem deveria exercer cargos de forma responsável, atenta e cuidada.
Num artigo de opinião, publicado na passada semana, no jornal «Expresso», entre outras coisas importantes, era referido que «O futebol, em Portugal, não vai mudar enquanto os protagonistas não mudarem e enquanto todos tremerem perante o seu poder. E quando digo todos, estou a falar de políticos, juízes, advogados, empresários, jornalistas, polícias... escolha quem quiser. Portugal está de joelhos perante as gentes do futebol. E fá-lo por medo».
Medo de quê? O que é que é tão avassalador no futebol que nos verga perante a sua podridão?
Quero acreditar que no fim último a história será feita de mulheres e homens de coragem, não de cobardes. E eu vejo o futebol como espelho de uma sociedade que precisa, de forma urgente, de uma revolução transversal.
Acabar com as zonas cinzentas que impedem a atuação, porque no futebol tudo é interesse e aproveitamento, os seus atores principais julgam-se mais inteligentes do que os comuns mortais. O que resulta em episódios caricatos.
Na justiça desportiva foi criado o tribunal do desporto, pretensamente para dirimir questões relativas ao desporto. Acontece que a confusão é tamanha que simples castigos aplicados a treinadores ou dirigentes, que deviam ser cumpridos de imediato e de forma exemplar, se arrastam no tempo através de recursos, inclusivamente para o tribunal central administrativo (!), que depois demora longos anos a tratar dos assuntos que efetivamente são relevantes. E o Governo, que deveria ter uma atitude de prevenção e ação, impedindo determinados incidentes, só atua e reage a destempo, sinal de que continuamos a escolher pessoas impreparadas para governar o país. E os exemplos são tantos…
Está na hora de dar oportunidade a outros! Não podemos nem devemos ter receio da mudança, do desconhecido, pois não tenho dúvida alguma de que farão melhor do que o que se tem verificado nas últimas décadas.
Autor: João Gomes