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Crítica a um artigo de Jeffrey Goldberg de Julho de 2014

JEFFREY GOLDBERG é um autor israelita/americano Editor do THE ATLANTIC. Neste artigo ele colocou a hipótese paranoide e desviante de que que o Hamas quer matar todos os palestinianos da faixa de Gaza. O artigo é infelizmente actual. Muita pessoas ignoram que na Faixa de Gaza vivem apenas palestinianos refugiados. Não nasceram lá, antes atamancaram lá um casinhoto. Aquilo em Gaza não é a casa deles. Em Gaza não há o que se chama um ritmo diário normal de vida: sair de casa de manhã para ir para o trabalho ou para a escola. Não há trabalho. Quer dizer, deve haver umas centenas de pessoas que fazem rockets. Descobri um romance escrito por um judeu que foi prémio Nobel da Literatura. Isaac Bashevis Singer. Estou a relê-lo: “Enemies: A Love Story” . Este livro relata com uma precisão impressionante o estado emocional dos sobreviventes do holocausto,que vindos de toda a Europa, depois de passarem dois ou três anos em campos miseráveis, pois também naquela altura a Europa em ruínas, campos onde aguardavam saber notícias de familiares e amigos sobreviventes e onde arranjavam finalmente documentos para poderem emigrar para os Estados Unidos ou para Israel (Estado criado por votação nas Nações Unidas em 1948) ou ainda para a América do Sul. Nestes campos havia de tudo: judeus, nazis que se tentavam fazer passar por judeus, ex guardas das SS (com documentos alemães) que casavam com mulheres judias esfaimadas dispostas a tudo para saírem do horror da Europa. Nunca, penso eu, Isaac B. Singer imaginou que estava a descrever o estado de demência coletiva de um povo que tinha sofrido o holocausto e que, ao sair dos campos da morte, com gravíssimo síndrome post traumático, partia, sem saber para onde. Não conseguiam acreditar que podia haver um local seguro na face da terra tão redonda. Muitos destes refugiados perderam a identidade pessoal, eram descrentes, pensavam que se Deus existia, existia para os exterminar. Foi com este rebanho pronto a ser imolado que uns quantos visionários sonharam o Estado de Israel que consideravam seu por herança. Tinham sido de lá expulsos a partir de 722 antes de Cristo. A história de desgraça judaica começa com a destruição do Templo de Salomão pelo rei Nabucodonosor, no século 6 A.C. quando os judeus foram levados ao cativeiro na Babilónia. Depois dessa data, foi sempre de andas para bolandas os Judeus restantes no médio oriente foram vitimados pelos Persas, pelos Egípcios, pelos Romanos e talvez pior que tudo no século VII, Maomé e os seus seguidores começaram a persegui-los e a combatê-los. Só voltaram a florescer como cultura na Espanha no século XI. Foram expulsos de Espanha em 1492, de Portugal em 1498, da Inglaterra, da Alemanha ainda antes da segunda guierra mundial. A minha hipótese, tão dramática como a de JEFFREY GOLDBERG, é que os judeus sofrem de múltiplos sintomas de doença psiquiátrica coletiva, que agora a estão a transmitir aos Palestinianos. Israelitas e palestinianos parecem um a cobra de duas cabeças que se abocanha, morde e aniquila mutuamente. Penso que ninguém vai escapar no médio oriente. E os países que apoiarem este abate de gado humano irão por sua vez começar a ficar doentes. Quase dá vontade de dizer cinicamente: deixai-os matarem-se todos uns aos outros, para que nós, os inocentes, possamos descansar. http://www.bloombergview.com/articles/2014-07-11/is-hamas-trying-to-get-gazans-killed Nota:O artigo com o título “Entre Eros e Thanatos”, publicado na edição do dia 15 de agosto de 2019, é da autoria de Beatriz Lamas Oliveira e não de Maria Helena Paes. A ambas e aos nossos leitores, o Diário do Minho apresenta um pedido de desculpa pelo lapso.
Autor: Beatriz Lamas Oliveira
DM

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22 agosto 2019