1. A Igreja celebra no próximo domingo a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Foi instituída por Pio XI em 1925 com o objetivo de proclamar a realeza de Cristo sobre os indivíduos, as famílias, as comunidades e as nações.
O Papa tomou esta decisão em consequência do laicismo, que pretendia organizar a vida social como se Cristo não tivesse existido. Como se Cristo tivesse sido um simples homem e não Deus incarnado, que de várias formas continua no meio de nós.
2. Cristo é Rei. Ele o afirmou diante de Pilatos (João 18, 33-37).
Mas a sua realeza possui caraterísticas próprias:
*Não é Rei como os reis da terra. «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lucas 22, 27); «o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir» (Marcos 10, 45); «o que manda seja como o que serve» (Lucas 22, 24).
*É um Rei que tem por trono o presépio e a cruz; por coroa, uma coroa de espinhos; por cetro, uma cana; por manto, um farrapo vermelho. Um rei que pega na toalha e se ajoelha diante dos súbditos para lhes lavar os pés.
*Cristo não é um Rei triunfalista. O Seu Reino é baseado na aniquilação e no dom de si mesmo. É o Reino do Cordeiro morto e ressuscitado.
*No Reino de Cristo a constituição tem quatro artigos: a verdade, a justiça, o amor, a paz. O código ou lei fundamental são as Bem-Aventuranças.
3. O Reino de Cristo não é deste mundo. Não se confunde com as formas políticas de governo dos povos.
O domínio que exerce sobre os homens é um domínio de perdão e de amor. O importante é o serviço e não o poder.
Mas o Reino de Cristo está neste mundo sempre que os homens vivem segundo os princípios do Evangelho.
Consiste na liquidação do pecado com todas as suas consequências no homem, na sociedade, no cosmos; na transfiguração total deste mundo no sentido de Deus; num estilo de relações entre os homens assentes nos pilares da verdade, da justiça, do amor, da paz.
O Reino de Cristo exige a mudança interior de cada homem. Uma nova mentalidade. Uma nova conceção do exercício do poder, usando-o como serviço e não como oportunidade de se servir.
4. Como no tempo de Pio XI também hoje o laicismo tenta impor a construção de uma sociedade à margem de Cristo e da sua Boa Nova. A construção de uma a família sem Cristo. Uma educação sem Cristo ou até contra Ele.
O Dia de Cristo Rei era, nos tempos áureos da Ação Católica, o dia do compromisso dos militantes cristãos; da afirmação da consciência do apostolado dos leigos.
Respeitando quem prefere seguir outro caminho, é nosso dever agirmos em coerência com a fé que professamos. Sem arrogância mas também sem medo. Propormos os princípios e os valores cristãos, sem os impormos a quem quer que seja. Seremos tolerantes e compreensivos mas sem de forma alguma nos acobardaremos.
Não embarquemos na onda do agora é assim e do agora usa-se, mas permaneçamos fiéis a princípios que são de sempre. E colaboremos na construção de um mundo cada vez mais humano, mais fraterno, mais verdadeiro, mais justo, mais solidário.
5. Com a solenidade de Cristo Rei termina um ano litúrgico. É ocasião para exame de consciência: agradecer a Deus as maravilhas que fez por nós e em nós e pedir perdão de nem sempre termos sabido corresponder ao Seu amor. Para renovarmos o empenhamento na construção do Seu Reino, prestando atenção aos outros e sendo praticantes das obras de misericórdia.
A solenidade de Cristo Rei afirma o primado do Amor sobre qualquer forma de egoísmo.
Autor: Silva Araújo
Cristo, Rei do Universo

DM
18 novembro 2021