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Numa sociedade «adolescêntrica» – em que muitos pouco «crescem» e dificilmente «amadurecem» –é natural que a fé dos que têm mais idade não tenha «crescido» (nem «amadurecido») desde a infância.
O problema não está na fé das crianças quando são crianças. Em causa está que não se aprofunde o que foi apreendido nessa altura.
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O grande paradoxo da nossa época é precisamente haver cada vez mais pessoas que não «crescem» com os anos nem «amadurecem» com o tempo.
Mesmo quando a idade é adulta, há comportamentos que se mantêm juvenis ou, até, infantis.
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As «igrejas semivazias» certificam, segundo Armando Matteo, «a ausência de homens e mulheres adultos do nosso tempo».
O que avulta é «o perfil de um adulto cada vez mais voltado sobre si próprio, cada vez mais narcisista e ególatra».
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O «estacionamento» dos adultos no padrão juvenil não os imobiliza por fora. Pelo contrário, tudo decorre a uma velocidade descontrolada, como é timbre dos mais novos.
Dá a impressão de que só há tempo para contar o tempo. Onde encontrar tempo para viver – e saborear – o tempo?
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«Quem – pergunta Armando Matteo – estará disposto a renunciar à velocidade dos transportes actuais? Quem voltaria a usar as cabinas telefónicas que, actualmente, só servem para embelezar as nossas ruas?»
E quem prescindiria «das mil possibilidades oferecidas pela internet»? Quem se dispõe a esperar seja por que for ou seja por quem for?
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Esta ausência de limites na velocidade repercute-se na recusa de quaisquer limites. Exemplo: «o adulto contemporâneo é um homem sem transcendência».
A sua existência «já não pertence a nenhum Pai eterno». Segundo não poucos, «somos simplesmente seres da Terra», sem ter de «prestar contas» a nenhuma entidade.
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A moral do adulto pós-moderno não contempla regras, inibições ou mortificações. O que prevalece é a «busca do prazer que se torna, simultaneamente, meio e fim, causa e recompensa, percurso e meta».
Perante um tal cenário, impõe-se «dar uma veste nova àquele Corpo de Cristo que é a Igreja».
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Não basta «melhorar» o que está a ser feito. É hora de renovar: de entrar no mundo novo, de entoar o canto novo e de viver o mandamento novo.
O percurso sinodal, que estamos a viver, passa também «pela capacidade de sonhar em conjunto, reencontrando a capacidade de nos envolvermos num sonho comum».
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A presença de cada um é indispensável e a participação de todos há-de ser desejada.
Viver em Sínodo é igualmente «incentivar todos a cantar». E é assim que «até os cânticos podem ser mais importantes do que a homilia».
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Enfim, este tempo novo clama por um «Cristianismo diferente, feito de mansidão e de alegria, daquela alegria que nasce quando se encontra o Ressuscitado». Haverá desalento que lhe possa resistir?
Enfim, precisamos de cristãos felizes. Mesmo com lágrimas!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira