Certas opiniões, deveras tresloucadas, defendendo ideias bolorentas de nenhuma monta, afirmam que “os ciganos vivem à custa dos portugueses”. Ora os ciganos, pessoas, criaturas e filhos de Deus como os outros, só sabem e sentem que são preteridos. Bom! E os não ciganos que viveram e continuam a viver à custa do Estado?
Logo no inicio da terceira República – porque agora estamos na quarta, iniciada pela “geringonça” de António Costa – não tivemos e não temos centenas e centenas de indivíduos a viverem, através dos ensebados corredores da política, do dinheiro do Estado, onde tantos já gozam reformas da política?
A crise que se vive, terá fim tardio, embora tentem fazer-nos analfabetos. Continuará a crise a criar habilidades manhosas e putrefactas, sobretudo o oportunismo no sector económico/político. Assim sendo, teremos brevemente as eleições para as Autarquias locais, onde, como sempre, se apresentarão os candidatos: uns, que conseguiram furar os muros de aço e concorrerão pela primeira vez; outros, que se repetirão, que galvanizarão todos os obstáculos, acenando com as sacas do dinheiro sem dinheiro, a distribuir aos munícipes, servindo-os – afirmam – martirizando-se por eles, amando-os, como já se anuncia num cartaz cá da cidade; ainda outros, os independentes, que a nível nacional são bastantes.
Independentes!? Que casta é esta, de independentes nas Autarquias do século XXI? Portugal democrático, exerce, vive e partilha a democracia através de partidos políticos que, a aplicam na Assembleia da República, embora por vezes, mal. Ora se os partidos políticos têm os seus militantes, normas, disciplina política e metas, indicam os seus melhores representantes para serem concorrentes a exercer o poder, quer seja local ou nacional. Assim, se o candidato partidário for rejeitado ou eleito, sofre o próprio e o partido, ou ganha o próprio e o partido. Mas o povo uma coisa sabe: é que os independentes – neste momento em Portugal – são afilhados de padrinhos que rejeitaram, isto é, foram elementos de partidos políticos que não “sacavam” o que queriam e se sentiam acima das hierarquias. Outros independentes, foram afastados por má-figura, por comportamentos imorais/nauseabundos, assédios sexuais abafados, por negociatas à porta fechada, por rapacidade no poder e, até independentes teremos nestas eleições Autárquicas de 1 de Outubro de 2017, que, por ilegalidades económicas, foram julgados e condenados.
Entendo que um candidato independente a exercer o poder, desde que verticalizado, com carácter e com sentido do serviço aos outros, ao povo que lhe paga, é um valente, herói e cidadão com sentido de Estado. Mais: será um não cigano que recusa viver à custa dos portugueses, cuja maioria, possui memória curta e falta de reflexão política. E se podemos afirmar que os independentes políticos expelem aromas duvidosos, como falta de honra e de pudor, também se pode afirmar que eles, talvez, não sejam de todo culpados da sua testemunhada e astuta independência, uma vez que os partidos políticos onde cabiam, por inveja ou por compadrios, os jogaram para as podres prateleiras da política. E registando um caso concreto de preterição, do Independente Rui Moreira à Câmara do Porto, a Deputada Ana Gomes do PS, em Janeiro passado, publicamente afirmou: “É óptimo o PS poder contar com Rui Moreira para o Porto. Ele é o expoente máximo de seriedade e competência”. E em Maio – quatro meses depois – a mesma Deputada afirma: “Rui Moreira está a deixar o Porto de rastos. É importante que os portugueses queiram a mudança”.
Não há palavras para comentar tal bafo político, da socialista Ana Gomes. Rui Moreira, de “expoente máximo e de competente”, passou de bestial a besta. E o povo, que facilmente esquece os atropelos que lhe fazem, não vislumbra manipulações, sobrevive a qualquer carneirada, fazem-no (indirectamente) parvo e não se apercebe que os políticos em Portugal, são, não ciganos, que não olham a meios para viverem à custa dos cofres do Estado, sugando os impostos e, aos eleitores, desrespeitando-os.
(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).
Autor: Artur Soares