No momento em que escrevo este texto sobre a pandemia que pôs o mundo em sobressalto, abundam muitas dúvidas e interrogações sobre a origem e a possível evolução deste flagelo sem par neste século.
O vírus responsável por esta doença foi inicialmente identificado na cidade chinesa de Wuhan em meados de dezembro do último ano, após ter provocado pneumonias até aí de causa desconhecida. Rapidamente se espalhou por diferentes latitudes e persistem muitas incertezas sobre o seu verdadeiro nascimento, não faltando quem questione a origem em certos roedores.
Tenha tido ou não origem no morcego ou outro qualquer animal, o certo é que graças à sua contagiosidade rapidamente se disseminou não só naquela região da China, como também se espalhou por outros continentes chegando a vários países da Europa atingindo proporções verdadeiramente catastróficas em Itália e Espanha. Entre nós, instalou-se sobretudo nas duas últimas semanas.
Sabe-se que quer na China, quer na Coreia do Sul os números conhecidos começam a dar um sinal de muita esperança. No entanto, ainda há muitas incertezas quanto ao seu desfecho.
Em Portugal, pese embora a subida assinalável do número de infetados nos últimos dias, a situação parece continuar sob controlo, graças às medidas já tomadas, principalmente o encerramento de escolas e universidades e a redução drástica de muitas outras atividades não essenciais. A par destas restrições, é de assinalar como extremamente positivo (com as exceções já bem conhecidas) o comportamento da generalidade dos portugueses que, interiorizando a gravidade do momento, têm sabido acatar com responsabilidade e sentido cívico as orientações das autoridades competentes.
Apesar de tudo isto, será que estamos libertos de um desastre idêntico ao italiano? Quero acreditar que sim.
Acredito que sim, principalmente se cada um continuar a pautar o seu comportamento com os índices de comprometimento que a situação exige e cumprindo escrupulosamente as diretrizes que forem emanadas de acordo com o evoluir desta matéria.
Acredito que sim, se formos capazes de nos continuarmos a comportar como um povo unido e solidário que quer vencer uma batalha que é de todos, numa guerra onde não pode haver lugar a dissidências, nem tão pouco à contestação de qualquer norma que não agrade.
Acredito que sim, porque não duvido que todos os órgãos de soberania do meu país estão a fazer tudo que é possível para dar luta a esta pandemia que veio alterar profundamente as rotinas das nossas vidas, mas que temos de vencer.
Acredito que sim, porque nunca como hoje vejo os diferentes partidos representados na Assembleia da República irmanados no mesmo espírito de acautelar a saúde dos portugueses e de contribuir para um combate que não pode ter tréguas.
Acredito que sim, porque tenho plena confiança nos médicos, nos enfermeiros e noutros técnicos que dão corpo ao nosso Serviço Nacional de Saúde, genericamente profissionais excecionais, abnegados e com um sentido do dever que, não raras vezes, ultrapassa o que é humanamente possível.
Acredito que sim, porque conheço o povo a que pertenço como gente que, ao longo da nossa história, em momentos extraordinários sempre soube resistir e triunfar.
Acredito que sim, porque tenho fé.
Acredito que sim!
Mais uma vez não vamos falhar.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira
Covid-19 – vamos vencê-lo!
DM
17 março 2020