Nas últimas semanas, em diferentes latitudes, o mundo tem sido agitado pela proliferação de notícias sobre o surgimento de pessoas infetadas pelo recente coronavírus denominado Covid-19.
Este novo vírus foi identificado na cidade tecnológica chinesa de Wuhan em meados de dezembro do último ano causando pneumonias até aí de causa desconhecida e, desde então, não tem parado de aumentar o número de países atingidos, causando um alarme social que já não se via desde o surto da gripe A (H1N1), em 2009.
Este microrganismo de ínfimas dimensões foi capaz de pôr o mundo em alerta com consequências já bem notórias em diferentes níveis.
Refletindo mais profundamente sobre este acontecimento, contabilizando o sofrimento e a perda de vidas humanas e as repercussões na economia global que a doença já provocou, somos remetidos inexoravelmente para a nossa pequenez no universo!
Voltando à epidemia que enche noticiários, no momento em que escrevo este texto, o que é conhecido é que a situação na China parece estar a estabilizar, embora noutras paragens como Coreia do Sul, Irão e Itália os números de infetados continuam a preocupar e, em muitos outros países, o vírus vai marcando presença em menor escala, não deixando, contudo, de constituir uma ameaça.
Neste contexto, é de realçar a nível global o trabalho desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde, no sentido de conter o vírus e, a nível nacional, o excelente desempenho da Direção Geral da Saúde. Em ambos os casos, é de salientar o papel dos diversos meios de comunicação social que, nas suas diferentes vertentes, têm mantido a informação atualizada procurando transmitir com clareza tudo o que diz respeito a esta epidemia que não deixa de inquietar.
Mas haverá razões para cortar radicalmente com a nossa vida do dia-a-dia?
Recordando a epidemia da gripe A em 2009, mesmo constatando que a mortalidade até agora conhecida deste surto do Covid-19 é um pouco superior, acredito que para além dos cuidados profusamente difundidos no sentido de travar a difusão da doença não será necessário mudar muito mais. É evidente que nesta como em situações semelhantes os mais atingidos são quase sempre os mais velhos e portadores de patologias crónicas debilitantes.
No entanto, ressalvando sempre a necessidade de moldar os nossos comportamentos no sentido de evitar uma verdadeira pandemia, julgo que o tempo fará o necessário para pôr fim a este pesadelo.
Em pleno século XXI, à semelhança do que aconteceu com a gripe provocada pelo vírus H1N1 em 2009, o Covid-19 não será a Peste Negra do século XIV. No entanto, deixará certamente as suas marcas e outros tantos ensinamentos.
Enquanto o tempo corre, impõe-se tudo fazer para não criar alarmismos desnecessários que possam provocar pânico gerador de irracionalidade e até de caos.
Para tanto, é importante que as autoridades competentes continuem a trabalhar no sentido de minorar os efeitos deste surto, não deixando de acautelar os meios suficientes para combater o flagelo, caso o cenário evolua para patamares mais graves.
Como ainda há poucos dias foi referido pela Federação Nacional dos Médicos, há que dotar as unidades de saúde com equipamentos de proteção suficientes e outros meios necessários que permitam um bom atendimento dos doentes, salvaguardando a saúde e a segurança dos profissionais de saúde que, como é óbvio, também podem ser atingidos.
À comunicação social em geral, pede-se que continue a informar com bom senso e objetividade, sem alarmar e até com algum cariz pedagógico.
Quando estou a terminar este escrito e segundo a AFP (Agence France-Presse) estão contabilizados a nível mundial 88257 infetados e 2966 mortos em 66 países. Há que conservar o sangue-frio e a serenidade e não contribuir para a criação de um clima de medo. Com todas as cautelas, há que manter a calma e ser equilibrado e racional nas atitudes e comportamentos.
Autor: J. M. Gonçalves de Oliveira