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Costa, sua “bazuca “ e lágrimas de crocodilo

  1. Os resultados oficiais das Autárquicas de 2021). Somando os votos do PS com as coligações lideradas pelo PS, este partido venceu destacado, com 37,5% e conquistando 149 câmaras. O PSD (e suas coligações) ficou em 2º, com 32,3% e só conquistando 114 câmaras. Não confundamos porém eleições autárquicas com eleições legislativas. Nas primeiras, o que decide normalmente, é a personalidade do candidato a autarca. Nas segundas sim, é o partido que concorre e o respectivo líder nacional. As sondagens continuam a salientar que, com Rio à frente, o PSD mal chega aos 28% e que o PS nunca baixa dos 37% (sobretudo agora, que é ele que manobrará a dita “bazuca”…).

  2. Confundir o “crisma” com a “extrema-unção”). A maioria dos social-democratas, desejosa de “ver Rui Rio pelas costas”, provavelmente apostava numa derrota mais expressiva, equivalente àquele derradeiro sagrado sacramento. E isto porque, lá está, confunde “autárquicas” com “legislativas”. Agora a outra facção (digamos, a “riista”, a “fluminense”) pensa que, lá por o PSD ter recuperado a antiga Coimbra do dr. Carlos Encarnação (pelo médico J. M. Silva); ou o eterno Funchal de Jardim (por Pedro Calado); ou a Lisboa, que era insolitamente governada por um “tripeiro”, Fernando Medina (por Carlos Moedas), pensa que o mundo “turned upside down”. E que vem aí um “rio de lava”, como o das Canárias, que destruirá tudo à sua passagem.

  3. O PSD nunca deixou de ser um “partido autárquico”). Durante muitos anos era o PSD que tinha maior n.º de municípios e que vencia nas Autárquicas. Segundo o critério atrás mencionado no capítulo 1 (i.e., o que inclui coligações), já há 4 anos o resultado “bruto” autárquico do PSD foi de 30,5% (agora subiu para 32,3% (grande coisa…). E o PS desceu “terrivelmente” (de 39 para 37,5%...). Daí que esta ligeira melhoria do PSD de Rui Rio não deva ser interpretada como um “crisma” para a sua liderança; muito menos como uma reabilitação, uma “ressurreição” do ex-autarca do Porto. Se ele sair agora, não sai pela “porta do cavalo”. Se ficar, só vai dividir o partido, e impedir a subida ao poder de alguém como Montenegro, Hugo Soares, Abreu Amorim, p. ex.. No fundo, vai continuar, na prática, a trabalhar para Costa e para futuras vitórias do PS.

  4. Costa, a “bazuca” e a refinaria de Leça). Curiosamente, deve-se ao actual 1.º ministro o facto de o PS não ter tido uma vitória ainda maior. Isto porque Costa (com alguma arrogância inadvertida) percorria o País como uma abelhinha, indo a toda a parte a dizer que “votem no PS, pois nós é que temos a bazuca”. Porém, não é bem verdade; o PS vai decidir, contudo o dinheiro do PRR é de Portugal e não do PS. Além disso, tomando os matosinhenses por burros, veio a esta cidade “chorar lágrimas de crocodilo” pelo desastroso fecho da sua importantíssima refinaria (e consequente despedimento de mais de 600 trabalhadores). Esquecendo que, para agradar às Catarinas e Mortáguas do BE, em Maio consentira e aplaudira o estúpido encerramento, em nome dum pretenso planeta “mais verde”.

  5. Os desplantes costistas reflectiram-se na derrota de Medina, em Lisboa). Digo isto, porque a inesperada vitória do respeitável Carlos Moedas ocorreu cerca de uma semana depois do “deslize” da refinaria. Moedas já vinha em crescendo, mas nenhuma sondagem lhe dava qualquer chance. Decerto também contou a origem nortenha, alienígena, de Medina (da família do grande pintor e por acaso, distante parente por afinidade da minha única cunhada).

  6. A câmara do Porto). Só o nada democrático poder dos “subterrâneos da política” explica que, no Porto, nem PS nem PSD tivessem apresentado candidatos capazes de vencer o enfraquecido Rui Moreira (que baixou de 52 para 41%). Este “independente” viu-se envolvido no problemático “caso Selminho”. Além de ter deitado abaixo as “torres do Aleixo”, espalhando a Droga nas zonas circundantes. Já para não falar das suas vastas sementeiras de suspeitos “pilaretes” e das inversões incontáveis e arbitrárias de sentidos de trânsito; ou da não transferência de ETAR de Sobreiras e outras atitudes faraónicas

  7. Jerónimo e as “caras bonitas”, a abstenção). A abstenção foi forte, de ca. 50%. Lembro-me também de, há 2 anos, o líder do PCP, explicando a subida do BE, dizer que “se quiserem, nós também podemos arranjar umas caras bonitas”. Fizeram-no agora em Braga, Guimarães, Viana e os resultados não foram nada maus. Nada de diferente do que no passado o PS obteve com Palmira Maciel; ou o PSD (ainda agora) com Júlia Fernandes, vencedora em V. Verde. Ou o próprio Chega, com a elegante Eugénia Santos (4.º lugar), na Braga do triunfador Ricardo Rio (PSD).

  8. A inesperada implantação autárquica do nóvel Chega). Não concorreu em toda a parte e andou a encontrar candidatos à pressa. Mas ainda assim ficou em 4.º lugar nacional, com 4,16%; à frente do BE (2,86) e do CDS (este, sem coligações teve 1,68 embora elegendo 6 presidentes). O partido de Ventura elegeu 19 vereadores. Em V. Verde (12%), Portimão (10%), Santarém (9) Cascais, Vila F. Xira, Sesimbra, Mangualde, Seixal, Loulé, Serpa (15), Loures (8), Odivelas, Moura (14), Benavente (12) Entroncamento, Azambuja, Moita e Salvaterra de Magos (13). Em Amares, teve 8%, mas não elegeu.


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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5 outubro 2021