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COP – Cimeira de Oportunidades Perdidas

Caiu o pano sobre a COP26, mais comumente designada por Cimeira do Clima, o evento promovido pelas Nações Unidas que decorreu recentemente em Glasgow onde se discutiu, à escala global, a problemática das alterações climáticas no mundo em que vivemos.

Da forma mais pragmática possível, admitir o falhanço dos acordos aí alcançados será porventura o aspecto mais positivo de todo o evento, na perspectiva de que poderá significar o momento a partir do qual a humanidade, finalmente, começará a levar a sério os verdadeiros impactos relacionados com as alterações climáticas.

Das conclusões sobram as resistências dos países desenvolvidos pagarem pelos danos causados pelas suas emissões, o bloqueio da Índia e China ao fim dos combustíveis fósseis como meta e a distância ao objetivo de obter novas metas até 2030 que permitam não ultrapassar os 1,5ºC de aquecimento do planeta.

Acresce o facto de, mesmo no contexto dos acordos possíveis, estes se basearem apenas em compromissos estritamente voluntários e, ainda assim, não existir qualquer mecanismo de responsabilização dos ditos países infratores.

Já diz o ditado que “Roma e Pavia não se fizeram num dia” e não era expectável que tudo ficasse resolvido apenas neste tipo de evento, mas parece evidente que mais nenhum dia pode ser desperdiçado num objectivo que deve começar por ser pessoal e onde o desempenho individual contribuirá para um desiderato maior.

Lidar com as alterações climáticas, menorizando-as ou mesmo negando-as, representa apenas uma forma de gerir o problema. Censurável, acrescentaria.

Existe já, porém, quem convivendo de forma mais próxima com fenómenos extremos tais como incêndios florestais, cheias e deslizamentos de terras provocadas por chuvas torrenciais, animais em extinção, entre outros, se sinta profundamente afectado, vivenciando sensações de desamparo, falta de esperança e tristeza acentuada e, por conseguinte, experienciando consequências ao nível da saúde mental, como ansiedade, depressão entre outros.

A eco-ansiedade é uma realidade, já se faz sentir e traz novos desafios.

Segundo a American Psychological Association, eco-ansiedade pode ser definida como ”um sentimento generalizado de medo crónico ligado à crise ambiental”. Um sentimento que, por corresponder a uma ameaça real, assume um lugar relevante na vida das pessoas e das agendas de muitos profissionais de saúde, nomeadamente psicólogos.

Não se pretende aqui discorrer sobre diagnósticos, tratamentos ou sequelas, mas tão só alertar para a necessária reflexão que esta nova dicotomia causa efeito, com impactos já evidentes na saúde das populações pode ainda acarretar no futuro próximo.

Mitigá-las pelo fomento de acções formativas e educativas, em todas as idades, e pela sensibilização assertiva de decisores políticos assume particular relevância.

Por seu turno, diminuir o consumo de produtos de origem animal, neutralizar a emissão de carbono, praticar compostagem, reduzir o consumo de plástico e optar pelo transporte público, não constituindo novidade no discurso, preenchem um pouco mais a lista de acções particularmente substantivas no percurso contributivo de cada um dos cidadãos para o zelo necessário da sustentabilidade climática.

Proteger o ambiente, salvaguardar o clima e gerir os demais recursos obriga-nos, a todos, líderes incluídos, a agir em conjunto, pela saúde das populações, no respeito pelo direito, e na promoção da solidariedade para com as regiões mais necessitadas do mundo.

PS: O autor opta por escrever segundo o antigo acordo ortográfico.


Autor: Mário Peixoto
DM

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27 novembro 2021