Em 2010, apenas 33% dos portugueses diziam fazer exercício físico ou desporto com alguma ou bastante regularidade. Em 2014, o número baixou para 28%.
Atualmente, são 26%. Na União Europeia (UE), pior do que Portugal, só a Hungria (24%), a Grécia (23%), a Roménia (19%) e a Bulgária (16%).
As conclusões são do Euro barómetro sobre desporto e exercício físico, realizado de quatro em quatro anos e coordenado pela Direcção-Geral de Comunicação da Comissão Europeia.
O estudo define “exercício físico” como nadar, correr, ir ao ginásio ou fazer qualquer outra atividade que tenha como propósito específico “fazer exercício”.
E assim, 74% dos portugueses explicam que “nunca” ou “raramente” fazem exercício físico ou praticam desporto. Pior cenário se verifica entre no feminino (78%), contra 68% no masculino.
Portugal é o 5.º país mais sedentário da UE. Nas conclusões do Euro barómetro divulgado explica-se ainda que o sedentarismo está generalizado a todo território da UE, o que indica que “a mensagem sobre a importância do desporto e da atividade física para a saúde e bem-estar ainda não chegou a toda a população”.
Os níveis de participação são ainda menores entre aqueles que têm níveis de educação mais baixos e os que têm maiores dificuldades financeiras, acrescenta o documento.
Quanto a outro tipo de atividades físicas que não têm necessariamente um propósito de “fazer exercício”, como andar de bicicleta, dançar ou fazer jardinagem, o cenário é igualmente desanimador.
Em Portugal, o fosso entre homens e mulheres é o dobro da média europeia. Caminhamos pouco, afirma Pedro Teixeira, diretor do Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física. Explica que o facto de estes números estarem “a piorar” é algo que “preocupa e reforça a necessidade de investir nesta área”.
E assume: “O que estamos a fazer nos últimos anos em Portugal não está a funcionar. Há outras forças na sociedade que estão a encaminhar os portugueses para o sedentarismo”. Pior do que Portugal, neste campo, só o Chipre. Para Pedro Teixeira, esta questão é particularmente marcante.
“Porque a marcha é a atividade física mais acessível e que as pessoas de qualquer idade podem fazer”, detalha. Preocupa-o também a escassa utilização da mobilidade nos meios de transporte, em particular da bicicleta.
Apesar de reconhecer que esta é uma “tendência atual das políticas de promoção da atividade física” e que “há coisas que estão a acontecer nas cidades que valorizam o seu uso”, ressalva que há “muito a fazer” ainda.
Apesar do cenário negativo, o responsável pelo programa, afirma -“Temos de reformular a nossa forma de ver a atividade física“. “Temos de mudar essa mentalidade”.
Hoje em dia andar a pé e caminhar, são formas muito importantes de termos uma população mais ativa.” Pedro Teixeira lembra que a inatividade física “é um dos três principais fatores de risco comportamentais para as doenças que mais custos de saúde têm”.
“Relativamente àquilo que custaria investir na atividade física em relação aos ganhos que tem, é um dos investimentos mais eficientes que um país pode fazer.” Creio que a solução passaria também por motivar os mais jovens para a prática do exercício físico, desde bem cedo. O alerta está dado e se nada mudarmos não conseguiremos sair do fundo!..
Autor: Luís Covas