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Confusões, eleições e traições

Está provado e as estatísticas confirmam, que há mais de uma década a abstenção nos actos eleitorais tem crescido e os motivos dessa ausência são vários. No entanto, se uns se sentem prejudicados por isso, outros são beneficiados. É sabido que os defensores, militantes e funcionários da extrema-esquerda, não faltam às Urnas de voto, pois até afirmam ser “uma minoria organizada, contra uma maioria desorganizada”.

Ora a estes políticos, quanto mais ausência de votos (da tal maioria desorganizada), melhor. Mas a “maioria desorganizada”, os seus políticos, nada reflectem, nada estudam e nunca arranjaram remédio ou incentivos que combatessem a abstenção: pelo contrário. Mentem ao eleitorado e não os conhecem depois: atiram-nos para as valetas da frustração. 

Ainda há dias, uns especialistas do nada, procuraram lançar a confusão no possível eleitorado, escrevendo que “não se compreende como em dia de eleições pudesse haver jogos de futebol”. Ora isto é, rigorosamente demagogia, má-fé ou pretensiosismo. Pois a proibir futebol em dia de eleições, poder-se-ia proibir o comércio e a indústria de funcionar, os hospitais e restaurantes de atender, os católicos de irem à missa ou de rezar nos templos e, muito mais. Estes pretensiosos, até esquecem que há países em que o voto calha em dia normal da semana, em dia de trabalho.

“Acção concreta dos cristãos e capazes de orientar a sociedade”, pedia Dom Jorge. Neste Portugal, após a revolução de Abril, só recordo dois políticos cristãos/católicos, nos mais altos serviços da Nação: António Guterres e Cavaco Silva. E que lhes fizeram? Guterres viu-se obrigado a abandonar o cargo e, a Cavaco Silva, cognominaram-no de “pior presidente de sempre”. Quem estava e continua a estar na máquina política?

A maçonaria. Que corre e mina, do Minho ao Algarve, os partidos políticos, mina todos os cantos da economia, políticas locais, nacionais e família, a par de uma extrema-esquerda de ateus militantes, em que minoritariamente, conseguiram proibir nas escolas e nos hospitais, a existência dos crucifixos, sem que a maioria – cristãos, com certeza – desse um berro, nem que fosse para as nuvens o sentirem. 

Como pode haver “acção concreta de cristãos”, se nos Estabelecimentos de Ensino, inclusive nos Estabelecimentos de Ensino privados, não se educam os alunos sobre o valor do amor, da fraternidade, da felicidade na unidade familiar, na arte de pensar, da partilha, da responsabilidade, do espírito de equipa, da ajuda mútua etc. e, apenas se preocupam com a ditadura das (melhores) notas dos exames, com conhecimentos acumulados e decorados, que, a meu ver, tudo isso pouco importará nas suas vidas futuras?

“A política não nos dá tranquilidade”, desassossego, também manifestado por Dom Jorge Ortiga. Que sossego nos pode dar um ministro que diz não saber se alguém entrou nos paióis em Tancos e se se concretizou ou não o roubo de material de guerra militar? Como pode um primeiro-ministro saber que o país arde com os fogos de Verão, e vai de férias sossegado?

Como pode um presidente da República trair um primeiro-ministro em funções e, dissolve o Parlamento, fazendo cair o Governo, como o fez Jorge Sampaio a Santana Lopes, dando a maioria absoluta ao socratismo de má memória? Manuel Monteiro, líder do CDS, não foi traído por Paulo Portas? Mário Soares não traiu Salgado Zenha e Manuel Alegre? Zita Seabra, exigindo reformas e o abandono do estalinismo no PCP, não foi enxotada do partido, por Álvaro Cunhal? Muitos mais casos de traição política se podiam, infelizmente, mencionar.

Sabe-se que a Doutrina Social da Igreja, bem como os ensinamentos contidos no livro Vaticano II, aconselham a que os leigos estejam/contribuam na política, façam acção-cristã na política, para que a sociedade seja mais justa, mais fraterna e com paz. Mas muitos cristãos não querem política, outros não deixam e, muitos mais, apenas pretendem facilidades.

Só que, ao pensarem assim, desconhecem os seus adversários, jamais serão sábios e nunca passarão de elementos suplentes na vida. Logo, é necessário mais cultura religiosa, mais democracia, para mais quantidade e qualidade nas Urnas de voto e nos destinos do país.

(O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico).

 

Autor: Artur Soares
DM

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22 setembro 2017