A fonte natural, a fonte antropológica e radical, é o critério normativo de todas as específicas religiões, entre elas a católica, protestante, ortodoxa, maometana, budista, confucionista e toda uma gama de religiões, cada uma com o seu criterioso profeta à cabeça. Essa fonte natural é a ôntica essência humana, idêntica à de Jesus Cristo, como homem, nos seus atributos de transcendentalidade, unicidade e de relações. Esta fonte natural e antropológica, que é transcendental, abre as suas portas, de lés-a-lés, para se banquetear no Ser Transcendente, que é Deus, o Bem absoluto, que cobre toda a criação. Como é una, ignora a dispersão, a fragmentação, os desvios e roturas; em congruência, congratula-se com a união, a integração, a conexão, a solidariedade, cooperação e colaboração de todos os seus fatores.
Como fundamento de todos os relacionamentos, processados pela pessoa, com as vidas existencial, transcendental e transcendente, a ôntica e natural essência humana brada pela misericórdia, fraternidade, compaixão e perdão, pela compreensão, abertura e aceitação, em todos os relacionamentos com os outros, indistintamente. Na sua identidade, o ôntico ser humano é vida, paz, amor, beleza, luz, sabedoria e justiça. Todos estes atributos são um e um são todos, sem dispersão nem distinção, inerentes à natural religião e à igreja.
Afinal o que é a religião? Todos os religiosos, e não só, através do seu sábio e transcendental conhecimento, veem nela uma reunião, uma congregação, uma comunidade de fiéis, na senda de Deus, a que dão o nome de Igreja, especificada, sobretudo, nos relacionamentos da pessoa consigo mesma, com o outro, com o mundo, com Jesus Cristo e com Deus, no sentido do bem eterno. A esta igreja, concomitantemente com a sua religião, vamos dar-lhe o nome de natural, antropológica ou transcendental, para a distinguir da Igreja Sagrada, transcendente, com o seu verídico e autêntico profeta Jesus Cristo, sem de modo algum excluir ou diminuir, em si, os profetas humanos: Maomé, Buda… mas superando as suas religiões.
Relativamente a estes profetas, vou deixar que a historiografia, na sua objetiva veracidade, se ocupe do seu bilhete de identidade e da sua brilhante missão, a de conduzir o homem para Deus, o verdadeiro e último sentido da vida.
Para mim, o que tritura a minha atenção e esfarela a minha compreensão e o meu afeto, é assistir às indevidas incongruências, concretamente, entre as igrejas e religiões (a pesar dos esforças da Igreja Católica), sem otimismo e com pouca esperança, coroadas de conflitos, agressões, tristezas e angústias, com a igreja natural, a antropológica, cujo devido fundamento é o ôntico ser humano.
Toda esta discordância, da contingência e instabilidade do eu existencial com o seu eu natural, autónomo e livre, é um disparate mental e afetivo. É o eu existencial, isolado, contra o seu eu transcendental. É o eu contra si mesmo, testemunhado pelos critérios do ôntico ser humano. O que se busca é a solidariedade, cooperação e colaboração de todas as religiões (Igrejas) entre si e com a religião natural.
Autor: Benjamim Araújo
Conflitos entre religiões, um disparate
DM
23 maio 2018