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Como Roma conquistou a Lusitânia (II)

(...) Mas o primeiro verdadeiro recontro entre Lusitanos e Romanos deu-se em 194, exactamente quando aqueles regressavam de um saque à Bética. Atacados por P. Cornélio Cipião, os lusitanos foram derrotados em Ilipa (Alcalá del Rio). Em 190, porém, foram os romanos vencidos perto de Lycon. (...) Derrotado em 190, o procônsul L. Emílio Paulo conseguiu vencê-los, igualmente na Bética, em 189.

Em 188-187, os Lusitanos, talvez concertados com os Celtiberos, atacaram os aliados dos Romanos. Em 186, descendo sobre a Bética, defrontaram Caio Atínio, governador da Ulterior; este conseguiu vencê-los perto de Hasta, matando 6 mil combatentes; mas, ao atacar Hasta, recebeu uma ferida da qual morreu dias depois.

Os 2 pretores da Hispânia, Lúcio Quíncio Crispino e Gaio Calpúrnio Pisão, em 185, apesar de terem reunido um ao outro as suas tropas, foram derrotados por Lusitanos e Celtiberos perto de Toledo e de Dipo; mas, pouco depois, atravessando o Tejo, venceram os inimigos, o que lhes valeu um triunfo em Roma, em 184 a. C..

O historiador Tito Lívio refere novos combates, em 181, entre  os Lusitanos e o pretor P. Mânlio, sem precisar a sorte das operações; e o mesmo, quanto à passagem de L. Postúmio Albino pela Lusitânia, a caminho do território dos Vaccei (hoje, nas provs. de Zamora e Valladolid). O seu triunfo, concedido depois em Roma, dá ideia de vitórias romanas.

E até 155, não nos chegam notícias de guerras na Hispânia, devido à perda dos livros de Tito Lívio. Sabemos apenas de vagos recontros no ano de 163 a. C..

7 – Em 155 a. C., a guerra intensifica-se). Em 155, o pretor Mânlio Manílio foi vencido, talvez no vale do Guadalquivir, por Lusitanos e Vetões, comandados por Púnico (e num dos recontros morreu o questor Terêncio Varrão). Púnico levou então os seus homens até ao litoral, perto de Cádiz, mas foi morto com uma pedrada na cabeça. Porém, em 154, Lúcio Múmio derrotou os Lusitanos, agora comandados por Kaisaros; contudo, lançando-se em perseguição dos fugitivos, acabou por ser derrotado e perder 9 mil homens. Nesta altura, os Lusitanos do sul do Tejo, chefiados por Kaukainos, atacaram os Cónios (do B. Alentejo e Algarve, aliados dos romanos), tomando-lhes a capital, Conistorgis.

E, atravessando o estreito de Gibraltar (!), foram cercar Arzila (Ocilis). Mas Múmio foi atrás deles, derrotou-os e matou 15 mil lusos. Contudo, relata Diodoro, logo em 153, Múmio volta a ser derrotado pelos Lusitanos. Porém, em 152, o novo pretor, Marco Atílio, conquista a “capital” dos Lusitanos, Oxthracas. Em 151, o novo pretor da Ulterior, Sérvio Sulpício Galba, é bem sucedido num ataque aos Lusitanos, que fogem a uma batalha campal. Vai atrás deles e sofre um contra-ataque, no qual morrem 7 mil romanos, refugiando-se ele em Carmona (p. de Sevilha). No inverno, o mesmo Galba vai para Conistorgis.

No ano seguinte (150) são os lusos que atacam, mas divididos em bandos. A sua dispersão permite a vitória de Lúcio Licínio Lúculo, governador da Citerior (4 mil vítimas). Outro bando, perto de Cádiz, perdeu 1500 homens (os restantes, cercados num monte, foram presos). É então que este L. L. Lúculo (e depois, Galba) entram Lusitânia adentro. E devastam-na.

8 – A Lusitânia pede a paz). Perante as magnas incursões do ano 150, os lusos pedem a paz e sacrificam aos italianos um homem e um cavalo. Galba fingiu aceitar a paz, garantiu terras férteis aos “nativos”, que dividiu em 3 grupos, recolhendo as suas armas. Foi quanto bastou para os massacrar na sua (quase) totalidade. E eram milhares de guerreiros.

9 – Entra Viriato...). Um dos poucos que escapa deste vergonhoso massacre é o grande Viriato, provavelmente o maior cabo de guerra (a par do futuro Afonso Henriques) que comandou tropas lusas. A sua formidável guerrilha vai durar até 139 a. C., ano em que foi traiçoeiramente assassinado. Viriato será o 1.º herói nacional para Portugal (e Espanha). Tal como Vercingetórix seria para a França (m. 46 a. C.); Hermann (ou Armínio) para a Alemanha (m. 19 d. C.); Mitradates VI Eupátor, para a Turquia e Arménia (m. 63 a. C.); Ambiórrix (m. 40 a. C.?), para a Bélgica; ou Caratacus (m. 70 d. C.?) e a rainha Boudicca (m. 60 d. C.), para a Grã-Bretanha.

Lambidas as feridas, logo em 147-146 uma hoste de 10 mil Lusitanos invade a Turdetânia (Andaluzia ocidental). Cercados por Vetílio, gov. da Uterior, iam outra vez “negociar” a paz. Mas Viriato susteve-os. E é então que é escolhido para chefe. Logo manda os seus furarem o cerco e reunirem-se na vizinha aldeia de Tribola, enquanto ele, com apenas mil guerreiros dava batalha a Vetílio. Ao fim de 2 dias aparece vitorioso em Tribola. Mas os romanos vêm atrás.

(Continua no próximo artigo)


Autor: Eduardo Tomás Alves
DM

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21 fevereiro 2017