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Combate à resistência antimicrobiana

Novembro é o mês do antibiótico. Para além de se assinalar, a 18 de novembro, o Dia Europeu do Antibiótico, durante este mês foram várias as iniciativas promovidas em Portugal com o objetivo de promover o seu bom uso.

Diariamente, em Portugal, em cada 1000 habitantes, 22 recebem uma dose de antibiótico. O uso excessivo de antibióticos é um dos fatores que contribui para o da resistência antimicrobiana. Esta resistência ocorre quando as bactérias não respondem ao antibiótico habitualmente usado para tratar a respetiva infeção. O combate a este problema depende de todos nós!

A revolução da terapêutica começou com o primeiro antibiótico descoberto em 1909 por Ehrlich, o Salvarsan, descrito como “bala mágica” para o tratamento da sífilis. Posteriormente chegou a Penicilina, descoberta por Fleming em 1928, mas introduzida apenas em 1943, que permitiu o avanço da Medicina e um otimismo no tratamento de infeções até aí mortais. Mas a crença que os antibióticos eram a solução para todos os problemas rapidamente foi travada pela emergência de resistências.

As infeções por bactérias resistentes são uma ameaça para os cuidados de saúde, são infeções habitualmente mais graves, difíceis de tratar e com maior risco de mortalidade. Segundo o último relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), Portugal está em quarto lugar no que respeita a anos de vida ajustados com incapacidade causada por infeções multirresistentes.

Os antibióticos apenas tratam infeções causadas por bactérias e, como todos os medicamentos, têm os seus efeitos adversos pelo que devem ser usados apenas quando necessários. Mesmo em algumas infeções bacterianas, como o caso da sinusite ou otite, há melhoria sem antibiótico.

As infeções virais, como a gripe, constipação ou bronquite, não melhoram com antibiótico nem este acelera a cura. Tomar antibióticos quando a infeção é causada por vírus prejudica-nos a todos: os sintomas podem piorar com aparecimento de diarreia, erupções cutâneas (rash), tonturas, enjoos, ou aumentar o risco de desenvolver outras infeções; numa futura infeção bacteriana o antibiótico pode perder a sua eficácia e ser mais difícil de a tratar (resistência); e promove a transmissão de resistências ao ambiente que pode prejudicar os seus filhos, pais, avós ou vizinhos.

O que pode fazer para contribuir para o bom uso do antibiótico?

  1. Não usar antibiótico sem ser prescrito pelo seu médico.

  2. Diga ao seu médico que só quer antibiótico se for mesmo necessário.

  3. Não usar antibiótico para tratar gripe, constipações ou bronquite.

  4. Se precisar de antibiótico, use de acordo com a receita.

  5. Não partilhe antibióticos e devolva à farmácia os comprimidos não tomados para proteção do ambiente.

O melhor caminho é a prevenção da infeção. Proteja-se a si e ao próximo através da medida fundamental: a higiene das mãos, que pode reduzir até 40% a incidência de infeções (segundo a Organização Mundial da Saúde). A etiqueta respiratória também deve ser cumprida: se tossir ou espirrar cubra a boca com lenço ou toalhete, se o fizer com as mãos, lave-as de seguida. As vacinas salvam vidas e a vacina contra a gripe é uma recomendação nacional em grupos de risco.

Considera-se que 30% da prescrição antibiótica em ambulatório é desnecessária ou inapropriada. Melhorar a prescrição de antibióticos pelos profissionais de saúde; certificar a toma correta de antibióticos pelo doente; e a prevenção da infeção, promovem a saúde, a qualidade de vida e diminui a emergência de resistências.

A prescrição de antibióticos deve ser a exceção e não a regra, contamos consigo para promover o bom uso do antibiótico.


Autor: Joana Alves
DM

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30 novembro 2018