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Colisão com os animadores de rua…

Obviamente, que uma cidade está munida de regras, princípios, pautando-se pela exigência do cumprimento normativo dos seus cidadãos. Contudo, um espaço público sem animação de rua não tem vida, embrulha-se num ambiente amorfo, sem sinergia social e contraria a veia tradicional da cultura popular do Minho.

Os artistas de rua oferecem publicamente momentos de admiração fantásticos, em troca de quase nada e de acordo com a generosidade de cada um. Proporcionam a arte urbana através de uma diversidade de espectáculos capazes de atrair multidões e transformam um pequeno local num espaço de alegria movida pelo engenho da arte da representação artística.

Aliás, Braga, já submeteu a sua candidatura a “Cidade Criativa da UNESCO”, em Media Arts, e prepara outra no âmbito da “Capital da Europeia da Cultura” que se realiza em 2027. Terá, por isso, que modificar o figurino de “escorraçar” com os animadores de rua, através de intervenções, não pondo em causa a sua legitimidade, mais adequadas nas mecanismos sintonizados entre os seus préstimos e o público-alvo.

O mais recente caso com um animador de rua, que provocou a indignação de vários munícipes presentes naquele local, devido à falta de assertividade das tais fiscais mandatadas e da Polícia Municipal para saber lidar com uma situação desta natureza, revela que urge programar formação educativa e pedagógica com o cidadão.

Não basta vestir uma farda com letras escarrapachadas às costas para fazer singrar a função policial. É mais importante a sabedoria intervencionista para partilhar uma mensagem de serenidade, sem criar dificuldades ao cidadão para que ele perceba quais os seus deveres e direitos de cidadania.

A Polícia Municipal de Braga não está bem conotada nas relações sociais com a comunidade bracarense. Dão a ideia de um “mundo aparte”, com prestadores de um serviço exclusivo não se sabe a quem, desligando-se da verdadeira função de alinhamento com os residentes ou visitantes. 

Há uma série de constrangimentos no centro da cidade, desde a mendicidade duvidosa e peditórios sociais não credenciados, vendedores ambulantes, uso indevido de espaços urbanos para ciclismo, “campo” de futebol, exposição de vandalismo, abuso descarado de estacionamento automóvel, skate pelas principais artérias da cidade, ausência de vigilância nos espaços verdes conspurcados de fezes de animais de estimação, uso abusivo de expositores de produtos frescos no espaço público, o alargamento de esplanadas nos passeios, etc.

É usual interrogar-se onde pára a Polícia Municipal de Braga perante este fluxo vulnerável de anormalidades e desconexas com o desenvolvimento de uma cidade imparável na renovação da sua imagem de referência turística nacional e internacional.

Talvez seja o momento ideal para o vice-Presidente da Câmara Municipal de Braga reformular as competências e procedimentos da Polícia Municipal, vocacionando-a para defesa dos superiores interesses da cidade e dos bracarenses, quer seja pela moldura presencial ou por uma intervenção mais ágil na erradicação da má conduta dos incumpridores das normas municipais.

A essência para combater estas falhas, para além da boa organização e planeamento eficaz na coordenação de trabalho, é o profissionalismo, sem o uso da arrogância ou prepotência. Assim, não vamos lá e não conseguimos abertamente o respeito, a confiança e a simpatia da comunidade residencial.


Autor: Albino Gonçalves
DM

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12 junho 2017