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Citius, altius e fortius

Amelhor Cidade Europeia do Desporto, de sempre, aconteceu em 2018 mas para fazer jus ao prémio parece querer prolongar-se “ad eternum”. Recentemente foi apresentado no Theatro Circo um livro sobre experiências de atletas e treinadores olímpicos e paralímpicos de Braga. O sugestivo título do livro é o lema olímpico introduzido nos JO (1924) realizados em Paris. A presença dos autores do livro e (da maioria) dos fazedores da nossa história olímpica, por si só, daria ao evento o brilho merecido na icónica sala de visitas da cidade. A presença, cumulativamente, de Rosa Mota foi a medalha de ouro que a apresentação deste documento histórico justificava. Para memória futura, a bimilenária Bracara Augusta sabe agora que, entre atletas e treinadores, 18 dos seus “filhos pródigos” ascenderam ao Olímpio. E são estas histórias de vida contadas na 1.ª pessoa que, bem aproveitadas e percebidas, podem ajudar à continuidade da história brácara no maior evento desportivo mundial. Obviamente, ainda não consegui absorver e interiorizar todas as vidas vividas pelos nossos dignos representantes mas, da parte já lida, posso extrair algumas ideias do que é ser, e sentir-se, OLÍMPICO em Portugal. Muito resumidamente: — Os atletas sabem que o país desportivo, só se lembra deles de 4 em 4 anos e que se não conquistarem medalhas, a sua participação foi, ou é, vista como um fracasso; — Ser OLÍMPICO é um orgulho e realização pessoal, e é interiorizado para sempre. Participar nos JO supera qualquer competição, mundiais incluídos; os desportos que parecem individuais, são-no apenas no momento da prova, mas tudo o que a precede, envolve uma enorme equipa onde cada qual, com uma função específica, tenta tornar a “máquina humana” (con)fiável em todos os pormenores; a confiança “cega” nos treinadores é meio caminho para o sucesso; a família é o principal suporte de apoio e único porto de abrigo quando algo corre mal, pelo que sem eles nada seria possível e os JO um sonho, para sempre, adiado; todos entendem a importância da escola e dos estudos, mas assumem - e eu subscrevo - escola há sempre e o momento de serem Olímpicos tem prazo de validade. Assim o país e professores o percebam também. Mas ser olímpico é, antes de mais, ser desportista. E isso, dizem atletas e treinadores, traz acopladas determinadas caraterísticas como a perseverança; ambição; solidariedade; positivismo; disciplina; aceitação da diferença; auto responsabilização; obrigação de “crescer” mais depressa. Este brilhante livro de quase 330 páginas não pode caber, nunca, num artigo de opinião, pelo que faço votos que o mesmo chegue às inúmeras bibliotecas das escolas da região para que o texto da contra capa “De Londres (1948)… ao Rio (2016)… rumo a Tóquio (2020)” tenha mais olímpicos seguidores que liguem Bracara Augusta a Paris (2024)… a Los Angeles (2028)..., mostrando que o ideal olímpico, em Braga, continua vivo e recomenda-se. Parabéns a autores e atores da história do nosso Olimpismo.
Autor: Carlos Mangas
DM

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18 outubro 2019