Tantas vezes o fez que o corpulento animal, estranhando a atitude, lhe pergunta:
– Mas o que é isso que estás a fazer, colibri?
– Eu? Eu… só estou a fazer a minha parte! – respondeu o pássaro.
Ora, é esta parte que parece ninguém querer levar a cabo, para bem do país e de todos nós, que está a faltar aos partidos políticos os quais, já há muito tempo, que montaram uma espécie de “circo” em Portugal. Em que os seus agentes políticos se vão comportando como autênticas “feras”, à espera de um deslize da presa. Mostrando-se mais determinados em defenderem os interesses partidários do que os de colaborarem para a extinção desta espécie de fogueira em que se vão transformando os debates parlamentares, deixando os interesses do país para trás.
E tanto à esquerda como à direita, o tom de ameaças, tem sido de tal ordem que já não há pachorra para tantas “piruetas” dos “eutanásias” infiéis. Um “espetáculo” onde não tem faltado o “malabarismo” e o “ilusionismo” com que alguns mágicos, da política, vão fazendo aparecer e desaparecer os referendos e, até, o volume das taxas. Transformando uma diminuição da “TSU”, inimiga dos trabalhadores, num “PEC” mais pequeno, amigo dos empresários. Apesar de tudo, mais sensato em termos da sustentabilidade da S. Social. Afinal, algum mérito teve, com o seu “trapezismo”, Passos Coelho ao não alinhar na redução dos descontos patronais para a “SS”.
No entanto, não se pense que foi por amor aos trabalhadores que o fez. Pois esse altruísmo ficou bem patente na política de cortes a tudo quanto eram rendimentos do trabalho, quando foi P. Ministro. Mas, sim, pela sede do poder e de vingança por António Costa ter transformado, de forma acrobática, uma derrota eleitoral em vitória, através de uma aliança nunca antes vista. O que leva o líder do maior partido da oposição a querer fazer a vida negra ao Governo, juntando-se ao “PCP” e ao “BE”, como no caso da descida da “TSU”, votando contra as próximas pretensões do executivo que pretende ver renovadas as “PPP” na saúde e legalizada a situação da “UBER”.
E esta atuação, diria “circense”, vai prosseguindo com uma forma puco civilizada de descredibilização da “concertação social” a quem chamaram, já, “feira de gado”. Daí, que toda a convulsão à volta das contrapartidas às empresas, pela subida do “salário mínimo nacional”, tenha contado com a sensatez do Presidente da República. Cujos índices de popularidade continuam nos píncaros da opinião pública, tendo-se vindo a converter – com algum grau de risco – num crente desta “confraria de camaradas”, encontrada para aperrear Passos e companhia.
Por sua vez o “CDS”, de A. Cristas, para serenar os ânimos à suposta “ferocidade” de Passos e Costa, vai procurando equilibrar-se na corda bamba do “centrão”, através da abstenção, com a finalidade de vir a ser coligada com os dois, no futuro, caso rebente a corda à esquerda.
Os empresários portugueses que não se iludam com a benesse do “rebuçadinho” do PEC. É que os radicais, da esquerda, só são a favor para poderem manter o acordo com o PS. Pois a vontade deles seria dispensá-los, nacionalizando tudo. Uma vez que os consideram como uma espécie de “hienas” da nação. Veja-se a posição assumida pelo líder da “CGTP” que se autoexcluiu da “concertação social” em rota de colisão com o da UGT, julgando-se o “domesticador” do sindicalismo português.
Versejemos pois: «Enquanto o “circo” prossegue / E a palhaçada perdura, / Nas escolas do país/Entra água com fartura».
Autor: Narciso Mendes