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Chutos e pontapés

O Mundial de Futebol que está a decorrer no Catar está quase a dar os últimos chutos, e por essa razão decidi fazer uma breve reflexão sobre o evento e a participação portuguesa.

1A realização deste Mundial num País marcado por este enquadramento social, cultural, religioso e étnico teve o maior mérito em abrir algumas mentalidades e proporcionar a discussão sobre algumas matérias sensíveis, tais como são os Direitos Humanos, a Descriminação de género e as questões dos Direitos dos trabalhadores e dos Estrangeiros. Pode não mudar nada, mas pelo menos criaram-se algumas pressões para alguma abertura e produzir efeitos em alguns contextos.

2 - O Evento, desportivamente, teve, a fazer jus às transmissões televisivas, um enquadramento de festa, de espetáculo desportivo e de bom ambiente nas bancadas. Ao contrário das expetativas.

3 - A realidade das “surpresas” dos resultados são consequência de uma certa generalização e universalização do futebol. Os bons jogadores árabes, africanos, asiáticos, são cada vez mais recrutados para os clubes de maior relevo nos diversos campeonatos europeus e sul-americanos, onde a cultura futebolística é mais forte. Por outro lado, a profissionalização dos clubes e atletas não é um fenómeno exclusivo dos países mais prósperos no futebol, está cada vez mais generalizada e, dessa forma, as diferenças entre os Países está cada vez mais esbatida.

4 - Os portugueses queixam-se do nível de arbitragem do nosso campeonato, mas a análise que faço é que não está tão longe assim da grande maioria das arbitragens deste Mundial. Assistimos a níveis de arbitragem bastante débeis, tendo sido uma ou outra bastante tendenciosa, pois permitiram uma agressividade desmedida e atos antidesportivos sem qualquer penalização ou advertência.

5 - Apesar da qualidade dos estádios ser de elevadíssimo nível, alguns relvados não mantiveram a qualidade inicial e sentiu-se a sua degradação, o que prejudicou algumas equipas mais tecnicistas.

6 - A participação portuguesa foi digna. A eliminação perante Marrocos, nos quartos de final, sendo uma seleção menos cotada, fez-me lembrar, inversamente, o que conseguimos fazer, perante a França, na final do Europeu’16. Defendemos, marcamos um golo, defendemos ainda mais e ganhamos o jogo. Podíamos ter feito melhor, tínhamos seleção para muito mais! Mas, não se pode dizer que não tentamos, que não forçamos! O Desporto tem este lado da medalha!

7 - A novela do CR7 foi algo deplorável. Todos entendemos a importância do Cristiano Ronaldo para as redes sociais e para a comunicação social. O que não entendo é o ódio gratuito, o rancor, vertidos em inúmeras publicações, em muitos comentários, expressos em Portugal. Prejudicaram claramente o jogador e a nossa seleção. Mas será que as pessoas não têm mais nada que fazer que não seja insultar outrem? Haveria algum interesse instalado dos comentadores televisivos? Parece que é crime ser feliz, esforçado e competente. Será que o povo português está mais infeliz e, em consequência, verte a agressividade e a intolerância para desfazer a felicidade dos outros? É um sentimento desmedido de ódio que é inconcebível!


Autor: Carlos Dias
DM

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16 dezembro 2022