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Censura antiga e moderna

Há no nosso país milhares de textos e obras publicadas que testemunham a Censura, a falta de liberdade, a lei da rolha. Com o derrube da I República, que abriu as portas a que Salazar iniciasse a II, também se acabou com a Censura, mas, rapidamente se arrependeram e “melhorou-se” em Abril de 1933.

Finalmente, cai a II República com o 25 de Abril de 1974, iniciando-se, portanto, a III, e de muitas coisas más existentes que acabaram, foi também a Censura uma delas, que, diga-se com verdade, alegrou a intelectualidade, o país: acabou a mordaça na boca ou o ter de se ser sub-reptício, para, por entrelinhas, se poder escrever.

Pelo que se expõe e afirma – com base em experiências próprias e em literatura existente – chega-se à conclusão que, quer as direitas e as extremas direitas politicas, quer as esquerdas e as extremas esquerdas políticas, têm pela Censura um forte apetite, apetite que parece não ser (jamais) saciado. Usam a Censura, amordaçam os povos, tentam – como diz o poeta – “cortar a raiz ao pensamento”. Todas as ideologias politicas a usam (Censura) e sabe-se como e onde.

John Stuart Mill, afirmou que “silenciar uma opinião é roubar a humanidade do seu mais valioso património, pois se essa opinião estiver certa perdemos uma oportunidade de corrigir a nossa própria opinião, e se essa opinião estiver errada perdemos uma oportunidade de denunciar a sua falsidade”. Ninguém tem dúvidas do valor da liberdade de escrita e expressão, como se ensina e saboreia nesta frase de J.S. Mill.

Assim sendo, e embora em Portugal, actualmente, não exista nenhuma lei que legalize a Censura, esta III República, na prática tem-na usado. Recorde-se que em 1979, o humorista e cartunista Augusto Cid, foi praticamente proibido de fazer humor e caricaturas à sua maneira e, auto silenciou-se. Em 1988, Herman José fazia um programa na televisão oficial, cujos textos eram da autoria de Miguel Esteves Cardoso, relacionados com afirmações e atitudes de Reis de Portugal, onde se ridicularizavam Reis. Herman José teve de mudar de tretas e esse programa acabou. Em 2004, Marcelo Rebelo de Sousa, comentador político como se sabe, foi “convidado” pelo canal de televisão de então, a ser mais tolerante, menos agressivo, porque criticava violentamente os Governos de Durão Barroso/Santana Lopes e mudou de canal como se sabe.

E continuando com a Censura não legalizada em Portugal, mas praticada de forma moderna, temos a Censura desta IV República – república iniciada com o golpe Parlamentar aos resultados das legislativas de Outubro 2015 – em que durante o Governo de António Costa, se dá o boicote a uma conferência pública de um dos mais destacados intelectuais da direita, Jaime Nogueira Pinto. Boicote estúpido e que poderia ter sido perigoso. A rapaziada Bloquista/Trotskista, movendo-se na cultura da intolerância e do sectarismo, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, vertem o seu veneno e destroem a conferência a J. Nogueira Pinto, em aroma total de fascismo. Vasco Lourenço, capitão de Abril, conhecendo o cancelamento da referida conferência, disponibilizou as instalações da Associação 25 de Abril, para que Nogueira Pinto falasse, mas tudo se desmoronou. Esta IV República de António Costa, quanto a esta moderna Censura, disse nada e Margarida Martins nada disse.

Finalmente, tivemos as desgraças do roubo do armamento no Paiol de Tancos e a desgraça dos fogos de Pedrógão Brande. No primeiro caso desvalorizou-se já o valor do armamento e lavou-se, silenciando, a humilhação causada ao Exército Português. No caso dos 64 (ou 73?) mortos nos fogos de Pedrógão, em que o Governo de António Costa, falhou, sem quaisquer inverdades ou demagogias, já foram recomendadas directrizes a todos os comandantes dos Bombeiros, de que ficarão limitados, muito limitados, a prestarem declarações aos Órgãos da Comunicação Social, relacionadas com os fogos em acção, isto é, quando estão a ser combatidos. Pelo que, só haverá relatórios e, as verdades neles contidos, o Estado decidirá o quê e quando informar. Eis a Censura antiga e a moderna! Ou estarei enganado?

O autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

NOTA: Artur Soares regressará em Setembro às suas opiniões semanais.


Autor: Artur Soares
DM

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28 julho 2017