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Cavaco Silva, felizmente, mais uma vez!

Qualquer português que ativamente se interesse devidamente pelo seu país, independentemente da sua posição ideológica ou partidária tem, nas intervenções orais ou escritas do Professor Cavaco Silva, uma referência obrigatória.

De facto o político Cavaco Silva, durante a sua longa vida política, ou mesmo após ela, como atualmente, tem sempre se pautado por um pensamento estruturado, globalmente coerente e que atinge o núcleo da nossa vida em sociedade e o real interesse de Portugal.

Os seus artigos – muitos dos quais escritos quando não exerce funções públicas – são autênticas referências e lembrados muitos anos depois de escritos, como o artigo sobre a boa e má moeda ou sobre o monstro do estado.

Em todos eles a visão é a mesma: a qualidade da nossa democracia, a estruturação das nossas contas públicas, o crescimento ou definhamento de Portugal, o estado da situação partidária, os motivos ou as causas que levam ao atual estado das coisas.

Contrariamente a Mário Soares que falava por tudo ou por nada, ou mesmo contrariamente a Jorge Sampaio que, após o exercício das respetivas funções públicas poucas – ou mesmo nenhumas – intervenções são recordadas, Cavaco Silva gere com muita mestria o momento, os temas, o tom das intervenções que profere, percebendo-se bem que são o resultado de um grande capital político acumulado bem como de competência indiscutível dos temas da governação, além de refletiram também a sua própria consistente visão política.

A sua coerência entre o seu pensamento e ação políticas, por outro lado, são bem visíveis, por exemplo, na sua atitude no tempo da governação de José Sócrates: após ter percebido sem dúvidas a governação deplorável de José Sócrates contrária aos interesses de Portugal, logo que teve condições políticas, atingiu profundamente o seu governo, tendo-o mesmo – segundo a expressão usada na altura por Ricardo Costa, ex diretor do Jornal Expresso e irmão do atual Primeiro Ministro – “fuzilado” a governação socialista de então com um “tiro” certeiro, quer no seu discurso de posse, quer, logo a seguir, no seu importante discurso de 25 de Abril de 2011.

Quem tiver dúvidas é só reler os dois artigos referidos fáceis de encontrar através do GOOGLE.

Os seus detratores, muitos que usam cravo vermelho no 25 de Abril ou passam a vida a berrar pela democracia e pela liberdade, não atacam ou contestam os textos de Cavaco Silva pelo seu conteúdo, porque são incapazes de o fazer, mas antes atacam a pessoa do seu autor, denotando uma grande falta de estrutura e comportamento democrático.

Como se isso demovesse o que quer que seja em Cavaco Silva e ainda não fizesse aumentar ainda mais a admiração da população portuguesa pelo estadista que mais votos e vitórias eleitorais teve.

Agora, o seu último artigo, é importante demais e justifica por isso a repercussão que teve.

A ultrapassagem de Portugal por países em 2004 menos avançados que nós como a República Checa, a Estónia, a Lituânia e a Eslovénia reflete a péssima governação que temos tido que não promove a competitividade empresarial, a reforma do Estado, o aumento das exportações, o desenvolvimento de atividade de alto valor acrescentado.

O diagnóstico terrível que Cavaco Silva traça do Portugal de hoje, em virtude das políticas da geringonça, repercutido em baixos salários, uma classe média empobrecida, pensões indignas, elevado nível de pobreza (nunca combatido pelas partidos de extrema esquerda ), deficiente sistema de saúde pública e de serviços públicos, degradação do ensino público, entre outros são um grande grito de alerta que abalou o sistema político a começar pelo seu partido.

Há muito que Cavaco Silva tem dito à atual direção do PSD que deve confrontar o governo socialista, sem colaborações, não permitindo confusões entre políticas, que mais não fazem do que dar a ideia à população que as políticas deste PS mais extremo tem muito em comum com o PSD, deixando fugir a oposição ao governo para outras áreas partidárias.

Muito mais havia a dizer sobre este último artigo de Cavaco Silva que não cabe num espaço tão curto, mas este seu último artigo é, uma vez mais, um forte abanão ao atual estado de Portugal que urge alterar.


Autor: Joaquim Barbosa
DM

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20 outubro 2021