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Catástrofe Humanitária no Iémen e Prof. João Baptista

O IPCA e Universidade do Minho estão de luto pela “partida” do seu ex-Presidente Prof. de contabilidade Doutor João Baptista da Costa Carvalho (1956/18). Ao Amigo do Minho, de Portugal e da Lusofonia, fiz aqui a homenagem em 17/7/15 e em 29/7/16.

Por coincidência, ou talvez não, é das mesmas zonas geográficas minhotas do considerado “genial jurista e Professor Catedrático”, Doutor João Baptista Machado, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e da Católica, Porto, que ajudou a fundar e da Faculdade de Economia da Universidade do Porto. Tem aliás ruas com o seu nome, em Vila Verde e no Porto. Ambos nos deixaram cerca dos 62 anos (1927/1989).

Contou-me um dia o Prof. João Carvalho que a Srª Sua Mãe era amiga do Prof. Dr. João Baptista Machado, sendo habitual este último lhe oferecer os seus livros jurídicos, hoje considerados paradigmas da Filosofia do Direito e Internacional Privado. Foi aliás um dos autores do “Código Civil Varela”. Que o Minho não se esqueça destes dois Discípulos das ciências.

A melhor forma de os homenagear é falar de Justiça Humanitária, deixando falar a voz do coração e da Justiça, tão cara ao Prof. Doutor João Carvalho, de quem também sou discípulo ou não fosse Professor e Investigador do IPCA desde a altura da Urbanização da Formiga, Barcelos.

O Iémen tem mais de 27 milhões de habitantes e é quase 6 vezes maior do que Portugal. Está em guerra civil. Já em 1/2018, a ONU alertava para o facto de cerca de 75% da população, 20 milhões de seres humanos estarem em necessidade urgente humanitária, incluindo 11,3 milhões de crianças. 60% da população não tem assegurada a alimentação básica e 16 milhões de pessoas não têm qualquer acesso a água potável ou saneamento. Menos de metade dos hospitais estão em funcionamento e sem salários.

As mortes directas (“+55.000” de acordo com o jornal britânico The Independent, 26/10/18), mas também as indirectas, causadas por esta guerra, estão a crescer a cada momento que passa em números incalculáveis. O trabalho da Organização Mundial de Saúde, do Programa Mundial de Alimentos e do Fundos das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem sido incansável, “mas sem mais ajudas não conseguirá evitar a morte à fome de milhões”. A venda de armas de vários países ocidentais aos beligerantes desta guerra fez com que a mesma não tivesse tido muitas atenções.

Por ironia, foi o assassínio premeditado duma só pessoa, o jornalista árabe mártir muçulmano Jamal Khashoggi, que fez com que a comunicação social ocidental acordasse. Assim, teu sangue não foi em vão, Kashoggi! Já em 15/5/17, a organização Save the Childrenavisava que 242 pessoas tinham morrido de cólera devido à guerra.

Em 6/11/17 a Arábia Saudita, depois dum míssil quase ter atingido a sua capital, bloqueia “em retaliação” a ajuda humanitária por avião no Iémen. Num país fortemente dividido por etnias, o ex-Presidente Saleh foi assassinado em 4/12/17.

No mesmo mês, a Cruz Vermelha Internacional fala de 1 milhão de pessoas com cólera e já 2.200 mortas.

Em Abril de 2018 finalmente o nosso António Guterres assume com pompa e circunstância que algo se passa: cerca de 20 milhões de pessoas podem morrer à fome. 9/8/18, a força aérea liderada pela Arábia Saudita mata por engano (assumido) 40 crianças, num total 51 pessoas, com bombas teleguiadas MK 82 da marca Lochheed Martin, vendidas pelos EUA.

Em 20/11/18 a Save the Childrenreporta a morte à fome de 85.000 crianças com menos de 5 anos. Em 6/12/18 são retomadas negociações na Suécia entre os beligerantes.

Em 14/12/18 (BBC), os Senadores dos EUA votam pela retirada da ajuda militar: pela voz de Lindsey Graham e Bob Corker “culpam o Príncipe MBS pela morte de Khashoggi e por isso não apoiarão mais a venda de armas à Arábia Saudita na guerra do Iémen enquanto tudo não estiver esclarecido”.

Note-se todavia que a resolução do Senado será simbólica se não se tornar lei… Bom Ano de 2019 para Todos os que vierem por bem.


Autor: Gonçalo S. de Mello Bandeira
DM

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4 janeiro 2019