Portanto, logo à partida (e além de ser inconstitucional…), a tentativa de organizar na região da Catalunha uma votação sobre a ideia da separação dessa região em relação ao resto da Espanha será, quando muito, uma votação local, nunca um verdadeiro Referendo “vinculativo” sobre o assunto (pois ficariam excluídos todos os outros interessados, a vasta maioria duma população de mais de 40 milhões de espanhóis).
2 – Uma ideia esquisita e que “leva água no bico”…). O simples enunciado das numerosas e diversas entidades regionais (“povos”, chamemos-lhe assim, já que “nação” é só uma, a espanhola) que compõem a Espanha, mete respeito e devia dar vontade a qualquer um deles de continuar a pertencer a uma constelação tão bela e tão ilustre. É portanto estranho que, mesmo que disponham desde 1979 de um Estatuto de Autonomia; e de um generoso “auto-governo”, a Generalitat (que estava suprimida desde 1714!), tal não baste a uma percentagem de catalães que, segundo as sondagens, ronda no mínimo os 40%.
3 – Por contraste com o Iberismo, que às vezes é moda…). Por ex., a seguir ao 25 de Abril de 74, sempre que as coisas em Portugal corriam mal, algumas franjas minoritárias desabafavam (com alguma irresponsabilidade) que “isto devia era pertencer à Espanha”. Também desde o final do séc. XIX, alguns sectores republicanos eram vagamente favoráveis à união de Portugal com a Espanha (o Iberismo). E também quando, em 1580, por razões apenas dinásticas, o reino de Portugal ficou unido ao de uma Espanha (que havia já sido unificada em 1492, com os reis Católicos), o rei de Portugal passou a ser Filipe II de Espanha (1.º , de Portugal). A capital passou a ser Madrid e de início as coisas correram bem e os portugueses “deixaram andar”; com Filipe II e Filipe III foi diferente, sobretudo quando quase perdíamos o Brasil e Angola para os holandeses.
4 – Não se trata de independência, mas sim, de separatismo). É claro que, no pensar dos separatistas (que “rejeitam” pertencer à nação espanhola) seria mesmo “independência”. Para mais, eles têm uma ideia de Catalunha que se estende umas centenas de kms. para sul, (no que chamam “País Valencià”) e que rouba vastas áreas a Valência, Castellón, Múrcia e Alicante (e que inclui as Baleares e o Roussillon francês…). Dá para perceber a “boa vontade” de Madrid a respeito do assunto.
5 – Na Catalunha já moram 300 mil magrebinos…). Quando neste verão se deu o grave atentado islâmico sobre as “ramblas” de Barcelona, foi revelado (para surpresa geral) de que era esse o n.º de islâmicos na região, habitada por cerca de 7 milhões de catalães e outros espanhóis.
6 – Quem estará por trás das propostas separatistas?). À partida, todos os centros políticos a nível mundial representantes dos “inimigos da Espanha”; nomeadamente os magrebinos (com quem tivemos quase 8 séculos de guerra seguidos…). Mas também os tão influentes judeus, hoje tão poderosos e que, como se sabe, foram expulsos de Espanha (os que “não se converteram”) em 1492. Consta também que a Catalunha é, já hoje, uma forte plataforma do tráfico mundial de drogas e de “lavagem” de dinheiro ilícito. Independente, tudo ficaria mais fácil ainda.
Há que notar também que, para além deste âmbito criminal, as relações históricas e políticas da costa oriental de Espanha com a sempre poderosa Itália foram às vezes, grandes; inclusive na Idade Média, em que o “reino de Aragão” chegou a dominar partes de Itália. Ora uma Catalunha virada para Itália, França e Magrebe (e de costas para Madrid) é algo de intolerável para todos nós outros.
7 – Depois, é o mau exemplo para o resto da Espanha). Por terem naturalmente os mesmos direitos, logo quereriam ser independentes os bascos, os galegos, os canários, os andaluzes, eu sei lá. Espanha desapareceria do mapa em benefício de Itália, França, Marrocos, Argélia, Israel… Um disparate completo (mas evitável). Era por essas e por outras, que o general Franco proibiu o uso da língua catalã nos documentos oficiais. Franco, um dos homens mais valentes da Espanha do seu tempo, apesar de só ter 1,62m. de altura (na Academia Militar, e por ser também magro, chamavam-lhe o “franguito”, calculem).
8 – A magna lição dos feixes dos lictores da Roma antiga). Quando a Itália era mesmo grande, durante a República, havia uma classe de magistrados, os “lictori”, que administravam a justiça e usavam um feixe de varas de vime (para chicotear os delinquentes). Esse feixe (com um machado no meio) veio a tornar-se um dos principais símbolos da velha Roma. E significava que “a união faz a força”; que qualquer criança tem o poder de quebrar um vime, mas nem o mais forte dos homens consegue partir o feixe.
O Fascismo italiano de Mussolini também se valeu do símbolo (até no nome, Fascismo, que deriva de “ fasci di combattimento”). Mas não só; o lema dos EUA é “united we stand, divided we fall” (unidos aguentamos, divididos caímos). O do próprio Benfica é “et pluribus unum” (um por todos, etc.). Aprende Catalunha! E recorda que Espanha só termina nos Pirinéus, não nos teus belos penhascos de Monserrat…
Autor: Eduardo Tomás Alves