Portugal atravessa uma “epidemia” de greves em quase todos os sectores sócioprofissionais.
Esta espiral de greves provoca uma grave perturbação na economia nacional e social, deteriorando a estrutura da sociedade civil, empresarial e institucional devido à quebra da produtividade e disfuncionalidade na organização das necessidades básicas da população.
Paragem de trabalho estratégico e pragmático em quase todas as áreas da laboração portuguesa, com especial relevo para o sector público no âmbito da saúde, educação e justiça.
A grande responsabilidade desta colisão dos trabalhadores com o Governo “gerigonça” deve-se à perspectiva mágica e utópica em corrigir um passado turbulento e impiedoso da gestão “monstruosa” da “persona non grata” de Passos Coelho no âmbito laboral e destrutivo nas pequenas e médias empresas.
António Costa até pode ter as melhores intenções. Contudo, ele sabe que é difícil cumprir o que seria justo equilibrar no somatório de uma situação problemática sentida, quase ao longo de uma década, pela maioria dos trabalhadores portugueses.
Com este cenário de imprevisibilidade laboral, potencializam-se incertezas na garantia da normalidade funcional dos serviços dos técnicos de diagnóstico e terapêutica, dos enfermeiros, dos médicos, dos magistrados, dos funcionários judiciais, das forças policiais, dos assistentes técnicos e operacionais, das conservatórias, e em alguns focos profissionais no sector privado, realçando a greve dos estivadores, que está a afectar seriamente as exportações e importações neste país.
Depreende-se que as reivindicações dos trabalhadores são ancestrais, particularmente induzidas no difícil acordo na reposição da contagem de tempo, supressão da precariedade de trabalho, alteração nalguns articulados da Lei 99/2003 de 27 de Agosto (Código de Trabalho), na adopção de critérios mais dinâmicos sob a égide da contratação vinculativa e integração nos quadros de recursos humanos, descongelamento de carreiras e remunerações, redução na idade reforma, etc.
Para 2019, os “funcionários públicos” vão continuar a usufruir de alguns dividendos confortáveis em matéria remuneratória, sabendo-se que a ronda negocial entre o Governo e os parceiros da coligação, no cômputo do Orçamento do Estado para 2019, o aumento salarial poderá atingir os 35 euros para quem usufrui um vencimento até 835 euros, pairando uma ideia do primeiro-ministro, que o universo dos trabalhadores da Administração Pública, Regional e Local incidirá em ganhos acima da inflação.
Perante este quadro “cor-de-rosa” e um paraíso no mercado laboral do sector público alocado aos sucessivos aumentos remuneratórios, graduação do descongelamento das carreiras e a contagem parcelar do tempo de serviço, é literalmente lógico e admissível que os portugueses questionem quais os motivos desta avalanche de manifestações de greves de trabalhadores do Estado.
Subjectivamente, à luz da opinião pública, são detentores de melhores padrões de vida qualitativa e economicamente quantitativa, a menos que, estejamos perante um engodo político a pensar nas próximas eleições legislativas, tramando os portugueses como é hábito nestas andanças folclóricas dos partidos à febre da governação, com promessas insustentáveis, de alto risco para o Cofre do Tesouro, de recidiva na saúde da economia nacional e o infindável aumento do endividamento do país, porque diz a sabedoria popular que, “casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.
Autor: Albino Gonçalves
“Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”

DM
26 novembro 2018