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Carreiras Dual – Braga (também) na vanguarda

Enquanto estudante universitário, vi atletas de alto rendimento serem obrigados a escolher entre, manter a prática da sua modalidade ao mais alto nível, com Jogos Olímpicos em causa, ou conseguir aprovação em determinadas disciplinas no ISEF-UP. Não é engano, leram bem…era (e é) uma Faculdade de Desporto. Mais tarde, já como docente no ensino secundário e com ligação ao treino desportivo, foi sempre com grande preocupação que vi alunos/atletas serem “incentivados” a desistir de um dos seus sonhos, académico ou desportivo. Enquanto diretor de turma, no ano transato, vi-me confrontado com a situação de uma aluna com resultados de excelência na canoagem que se viu “forçada” a optar por fazer o 11.º ano em dois anos, pois a necessidade de aumentar a carga (e número) de treinos semanais, era incompatível com o horário escolar. Felizmente, os resultados desportivos alcançados permitiram-lhe representar Portugal em competições internacionais, atenuando, em parte, a tristeza pela perda de “meio ano escolar”. Por tudo isto, vejo com grande alegria a disseminação pelo país de unidades de apoio ao alto rendimento nas escolas (UAARE), com o objetivo de conciliar, com sucesso,a atividade escolar com a prática desportiva de alunos do ensino secundário, enquadrados no regime de alto rendimento ou seleções nacionais. Braga, tem uma destas unidades, sediada no Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio, onde mais de meia centena de alunos com elevado potencial desportivo tentam conjugar a vi(d)a académica com a desportiva. Numa das tertúlias, “café com fair play”, dinamizada pela Synergia no âmbito da Braga CED, gostei de ouvir diferentes agentes com responsabilidades no desporto nacional e com um passado de carreira dual, falarem sobre o que entendem ser necessário (e como sofreram) para atingir duplo sucesso. Percebemos que as suas (e outras) histórias de vida poderiam ser diferentes, para melhor, se já existissem estas unidades de apoio. Mas, nem só o ensino secundário necessita deste tipo de apoios, e é gratificante, após o sucesso da nossa delegação nos Jogos Olímpicos da Juventude na Argentina, com conquistas de ouro, prata e outros resultados de relevo, ler o que escreveu Pedro Dias, vice presidente da FPF, e um dos rostos do sucesso do futsal português: “A nossa capitã (Telma Pereira) é caloira na Universidade do Minho e tem um programa de apoio tutorial à sua espera quando regressar de Buenos Aires, ou seja, condições para uma carreira dual assegurada”. Com a felicidade de saber que a minha ex-aluna canoísta também já integra uma UAARE (em Montemor-o-Velho) faço votos para que os alunos a quem foi dada esta oportunidade de uma vida, saibam reconhecer, valorizar e aproveitar as condições propícias a um elevado rendimento enquanto estudantes/atletas, potenciando desta forma o aparecimento de novas unidades em diferentes locais do país. Acreditem que o País, pais, treinadores e professores torcem pelo vosso sucesso... dual.
Autor: Carlos Mangas
DM

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19 outubro 2018