A verdadeira animação do fim de semana foi mesmo protagonizada pelo Canelas 2010, equipa que disputa a série 1 da Divisão de Elite da AF Porto, e que, gostem ou não de ouvir dizer, foi fundada por vários elementos dos Super Dragões. Não são novas as histórias de terror associadas ao Canelas e, ainda recentemente, doze clubes da mesma série se recusaram a jogar com esta equipa, preocupados com a violência e com “a falta do fruto do tomateiro” por parte dos árbitros, para não usar a expressão no seu vernáculo mais popular.
Mas, no jogo com o Rio Tinto, Marco Gonçalves elevou a fasquia quando ergueu o joelho na direção do nariz do árbitro depois de este lhe ter mostrado o cartão vermelho momentos antes. Diz Marco que não se lembra, diz o Canelas que o vai mandar embora porque malta do nível dele não interessa ao clube que não se revê em comportamentos destes. As duas afirmações seriam para rir se este caso não desse mesmo vontade de chorar.
E é com vontade de chorar que começo este parágrafo, com vontade de chorar a rir quando leio na página do Facebook do Marco de joelhos elevados, um agradecimento “a todas as pessoas de bem” que o têm apoiado, discriminando o amigo macacóide por demais conhecido, a família, a irmã Sónia e a mulher Marisa (como se a irmã e a mulher não fizessem parte da família, ou isso ou tem mais do que uma família) e a todos os outros bons moços da curva azul e, pasmem, aos amigos da Juve Leo que lhe têm dado força.
E, se o português em que escreve a mensagem deve ter desassossegado do descanso eterno o pobre do Camões, a referência à Juve Leo como claque solidária com a violência de um super dragão vai fazer parte do anedotário nacional. A verdade é que eu não me devia espantar com isto mas a imbecilidade assumida nas redes sociais e não apenas exposta em tertúlias de café acaba sempre por me surpreender.
Mas outra surpresa estava guardada, outra surpresa hilária, outra surpresa associada ao clube que veste de verde e que resolveu tomar as dores dos de azul, fazendo queixinha dos vermelhos Jonas e Samaris por comportamento incorreto no clássico do fim de semana. Se alguém vos aborrecer, já sabem a quem pedir ajuda. Vistam de azul e peçam ajuda ao Sporting.
E, para o fim de semana acabar mesmo mal, o meu Braga deu-me três facadas no coração, permitindo que uma equipa que nunca tinha marcado mais do que um golo fora de casa, viesse à Pedreira marcar três. E de nada valeu um Salvador armado em Papa a acenar à multidão, agarrado a simpáticos idosos, no intervalo. O verdadeiro Papa só vem em maio, a tempo de ver o que uma época banal faz à classificação de um guerreiro e ao coração de uma mulher de Braga.
Autor: Ana Pereira