Até que enfim aparece um candidato ao lugar de presidente da câmara de Braga por gosto e não por sacrifício de desempenho. A isto chama-se caráter. E depois só trabalha bem quem trabalha com gosto. Trata-se, como é evidente, do candidato Rui Rio. Podemos dizer que será uma gestão camarária entre a continuidade e a adaptação. Pela continuidade não se espera menos do que tem feito: transformou esta cidade de cimento numa cidade de pensamento. A adaptação é sinónimo de que estará atendo às mudanças que, como se sabe, nesta era das tecnologias, caminham a mil à hora; quem se deixar dormir perderá a corrida como a lebre da fábula. Ser tartaruga, ainda no contexto da mesma fábula, é andar muito devagar e esperar pelo milagre da soneca da lebre. É uma alegoria e não passa disso. Ao dizer que gosta de ser presidente da câmara de Braga demonstrou quanto é sincero o que em política é raro se não mesmo excecional. E esta sinceridade de caráter dá-nos a certeza de que não estamos a falar com um demagogo. Promete empenho que já lho conhecemos e com estas três qualidades, gostar, adaptar e empenho, julgo que satisfaz as exigências dos não comprometidos com partidos políticos, que é o meu caso. A minha opção política partidária foi morrendo ao verificar passo-a-passo como eram falsas as promessas e como o endeusamento dos eleitos se havia deixado enlevar pelos tartufos. Molière conhecia-os bem. Aquilo é pestilento principalmente para quem gosta de ar puro e largos horizontes os mesmos que absorvi aquando da meninice na aldeia natal. Conheci o candidato Rui Rio aqui, neste jornal, aquando da sua colaboração e nas festas que este periódico faz aos trabalhadores e colaboradores por ocasião do Natal. Sou apenas um atento munícipe à sua gestão e às opções camarárias que toma; não me liga a ele qualquer interesse pessoal ou familiar, não tomo parte em reuniões, lançamento de livros, apresentações. Estou limpo de intenções ou afetos porque não é da minha índole deixar-me influenciar por quem quer que seja. As emoções perdi-as nas lágrimas da adolescência; a racionalidade ganhei-a no desenvolvimento da personalidade. Assim, livre como a águia que ascende às culminâncias das cumeadas, posso aqui declarar que a minha escolha recai na sinceridade como se apresentam os candidatos e ainda pela seriedade que ainda ninguém manchou. Esta minha declaração é apenas minha e não tem intenção de aliciar seja quem for porque penso que o entendimento pessoal é como o paladar, cada qual tem o seu. Eu rejo-me pelos princípios; não voto por simpatia pessoal, voto por Braga assim como nas eleições legislativas voto por Portugal. Há na política partidária um carreirismo que condiciona o indivíduo. Desejar felicidades na campanha a qualquer dos candidatos é o mesmo que entender que a eleição é uma questão de sorte; ora tal não deve ser. O eleito não precisa de sorte precisa de um bom programa, de bons colaboradores e que se saiba que é para cumprir; que sejam eles mesmos porque, se o forem, o povo saberá ler na sua sinceridade as virtudes do candidato. Não representem a farsa, não façam política velha, por favor. A democracia está carente de verdade e de honestidade. Precisaremos de outro Diógenes? O afastamento que se vai notando, com crescente preocupação, nas camadas mais jovens, é porque eles já perceberam que entre o que lhes prometem e o que se faz, a mentira é soberana; é tão grande, é tão largo o fosso entre as duas partes que nem a sua proverbial generosidade consegue absorver. A incoerência não é um mal silencioso é uma atitude dolosa. Onde está o caráter?
Autor: Paulo Fafe