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Caminhos para a paz

Na mensagem que escreveu para o passado dia um o Papa Francisco apontou três caminhos para a paz: o diálogo entre as gerações, a educação, o trabalho.

1. Dialogar entre gerações para construir a paz.

O diálogo entre as gerações é uma coisa que vai desaparecendo. Mesmo quando membros da mesma família se encontram muitas vezes a atenção vai para o telemóvel, para o tablet, para a televisão. Coexiste-se mas não se convive. Fisicamente próximas, às vezes as pessoas atuam como se estivessem muito distantes.

O que às vezes se chama diálogo na realidade não o é. Faz-se do diálogo um bombardeamento de monólogo. Invoca-se o diálogo como direito de falar mas esquece-se o dever de ouvir. A Igreja sinodal de que tanto se fala exige uma séria reflexão sobre isto.

Usa-se o diálogo para impor opiniões, para dogmatizar pontos de vista discutíveis, para autoritariamente dar ordens.

Acontece de, no a que chamam diálogo, faltar a serenidade e a calma. Nem sempre se sabe discordar sem levantar a voz e sem ofender. Mais do que dialogar, discute-se e dão-se reprimendas.

O que se pretendia fosse uma amigável troca de impressões e de pareceres, um diálogo pacífico e pacificador, às vezes termina aos gritos, com os intervenientes a irem um para cada lado.

Dialogar, ter tempo para dialogar, saber dialogar: eis uma necessidade.

2. A instrução e a educação como motores da paz. Outro caminho indicado pelo Papa.

Instrução e educação. O bem comum exige caminhem de mãos dadas.

A preocupação com a instrução nem sempre anda acompanhada com a pela instrução. Daí a existência de pessoas muito instruídas e simultaneamente mal educadas. Indelicadas. Grosseiras. Empoleiradas em diplomas e títulos académicos que lhes dão ares de superioridade, as tornam sobranceiras, arrogantes, intransigentes.

Que se ponha termo ao medo de educar. De formar pessoas atentas aos outros e delicadas. De formar para a prática das boas maneiras, para o respeito pelas normais regras de conduta, para o respeito por princípios e valores que deverão ser de todos os tempos e lugares.

Investir na educação e na instrução, nas duas a par, deveria ser uma grande preocupação dos responsáveis, cujo comportamento deve ser exemplar.

«Nos últimos anos, escreve o Papa, diminuiu sensivelmente a nível mundial o orçamento para a instrução e a educação, vistas mais como despesas do que como investimentos; e, todavia, constituem os vetores primários dum desenvolvimento humano integral: tornam a pessoa mais livre e responsável, sendo indispensáveis para a defesa e promoção da paz». «Ao contrário, acrescenta, aumentaram as despesas militares».

3. «O trabalho é um fator indispensável para construir e preservar a paz», escreve também o Papa na mensagem de Ano Novo.

«Aquele constitui expressão da pessoa e dos seus dotes, mas também compromisso, esforço, colaboração com outros, porque se trabalha sempre com ou para alguém.

Nesta perspetiva acentuadamente social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo».

Trabalho digno e dignamente remunerado, para todos. Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, diz o adágio popular.

Trabalho onde a pessoa possa crescer como pessoa. Onde, sem quaisquer penalizações, se respeite o direito à maternidade.

Que o trabalho seja para a pessoa e não a pessoa para o trabalho. Que no trabalho a pessoa possa exercer a sua vocação de serviço ao bem comum sem ser explorada nem maltratada.

Cito o Papa Francisco: «Temos de unir as ideias e os esforços para criar as condições e inventar soluções a fim de que cada ser humano em idade produtiva tenha a possibilidade, com o seu trabalho, de contribuir para a vida da família e da sociedade.

Como é urgente promover em todo o mundo condições laborais decentes e dignas, orientadas para o bem comum e a salvaguarda da criação!»


Autor: Silva Araújo
DM

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6 janeiro 2022